respublica

quarta-feira, julho 28, 2004

FÉRIAS Este blog está de férias. Mas dentro de alguns dias terei novidades... até breve!

segunda-feira, julho 19, 2004

O FIM DO "MA-SCHAMBA" O excelente blog Ma-Shamba chegou ao fim. A blogosfera ficou mais pobre. Mas para o porvir ficam as sábias palavras gravadas no seu epitáfio: "Um blog é uma ilusão. A ilusão de ser lido. E de isso ter alguma importância. É uma bela ilusão." 
 

"MOURAS ENCANTADAS" (II) Consultei a minha fonte de informação sobre a lenda familiar de que falei no post anterior (ou seja, o meu pai), fonte essa que corrigiu a minha versão da história. Segundo o meu pai, o referido antepassado era tio da minha bisavó, irmão da sua mãe, e não tio-avô, como eu escrevi anteriormente. Chamavam-lhe Antoninho, e era conhecido pelos seus dotes de vidente. Viveu na primeira metade do século XIX e faleceu bastante novo, ainda solteiro e sem filhos. De acordo com o meu pai, a história que atrás referi passou-se da seguinte forma:

Antoninho caminhava pela floresta quando avistou, numa pedreira abandonada situada entre o arvoredo, uma belíssima mulher. A rapariga escovava os longos cabelos negros, quando sentiu Antoninho aproximar-se. Disse-lhe então: "Não tenhas medo, Antoninho, aproxima-te". Ele, siderado com a beleza da rapariga, deu alguns passos na sua direcção. Foi então que se deu conta de que, da cintura para baixo, a mulher tinha corpo de serpente. O pânico tornou-se visível na sua face, e o misterioso ser voltou a interpelá-lo: "Beija-me, Antoninho, porque estou aqui presa há dois mil anos e só um beijo me poderá libertar". Antoninho assustou-se ainda mais e recuou. Ela voltou a suplicar: "Beija-me, senão vou ficar aqui encantada por mais dois mil anos!" Receoso de perder a alma para o Tentador, Antoninho virou costas à Moura e fugiu o mais depressa que pôde. Uma terrível lamentação, que seria a choro da Moura, fez-se então ouvir em toda a floresta, e Antoninho nunca mais voltou aquele local.

quinta-feira, julho 15, 2004




AS MOURAS ENCANTADAS Num interessante post, cuja leitura recomendo, o Marcos fala das "Xanas", seres encantados que, segundo a crença popular, habitam os bosques e as serranias das Astúrias. Quando li este texto do Marcos, pensei: serão esses seres mitológicos o equivalente às nossas "mouras encantadas"?

Na minha terra natal (nos arredores de Viana do Castelo), existem várias lendas sobre mouras encantadas. Houve até um antepassado meu que contava ter tido um breve encontro com uma. Segundo reza a lenda familiar, esse meu antepassado (tio avô da minha bisavó), encontrou uma dessas fantásticas criaturas numa pedreira abandonada. A moura, que era de uma beleza indescritivel, disse-lhe que estava ali presa há mil anos, e que só um beijo a libertaria. Em troca do ósculo, prometia-lhe riquezas e glória. Desde criança que o meu antepassado ouvia histórias sobre criaturas maléficas que, fazendo uso das mais variadas seduções e artifícios, roubavam a alma dos comuns mortais... daí que, perante a proposta da moura, tenha fugido assustado. E estava ele alguns metros adiante, quando um grito lancinante se fez ouvir em toda a floresta... ele apressou o passo, ainda mais assustado, e de seguida ouviu uma forte explosão. O tio avô da minha bisavó nunca mais pôs os pés naquele local.

Encontrei um interessante site dedicado às Mouras. Lá encontrei um texto sobre o assunto, que passo a transcrever:

"(...) A tradição popular refere, amiúde, a existência de mouras, em menções de várias lendas. Os factos são complexos e baralhados. Vamos dividi-los em dois grupos, para melhor os estudar. Assim, temos:

1. Mouras encantadas. São seres, diz Leite de Vasconcelos, dotados de força sobrenatural, que vivem em certos locais, como se estivessem adormecidos, enquanto certas circunstâncias não lhes quebrar o encanto. Estes locais são, normalmente, poços, fontes, cisternas, montanhas e ruínas. Por vezes têm um aspecto sedutor e apresentam-se aos viajantes que passam pelos seus domínios, convidando-os a passarem no dia seguinte, com alusões a objectos preciosos que guardam e propostas diversas. A crença popular acredita na possibilidade de se transformarem em serpentes. Martinho de Dume, o evangelizador do Minho (Séc. VI), designava as mouras da época (lamias) como mulheres-demónios expulsos do céu!
Diz ainda a opinião popular que estas mouras se encontram nesses locais a guardar tesouros deixados pelos mouros, até que alguém os possa descobrir.

2. Mouras fiandeiras. Estão associadas às construções dos antigos monumentos porque, acredita-se, enquanto acarretavam as pedras à cabeça iam a fiar com uma roca à cinta. E até se dizia em tempos, lá para os lados da Citânia de Briteiros, que se via de vez em quando uma moura a fiar enquanto pastoreava o gado.

Tudo indica, no entanto, que as histórias das mouras encantadas ou fiandeiras tenham origem muito anterior à presença dos mouros no país. Sabe-se que, no primeiro século da nossa era, tinham "sido vistos" à beira mar, perto de Lisboa, um tritão, com o seu búzio, e diversas nereides. O tritão (sereia-macho) é um símbolo mitológico-cabalístico com origem na lenda de Perséfone e que significa que "alma sobrevive ao corpo" 1. Foi complexa a evolução da sua imagem. Entre os Gregos tem forma alada. Depois tomou a forma de mulher, com as pernas em forma de peixe. É assim que aparece nas pinturas e esculturas nas igrejas. Com o tronco masculino e cara barbada surge nos documentos náuticos dos séc. XV e XVI e em alguns monumentos, como os de Conínbriga.

E em Lisboa também se encontram facilmente restos dessas crenças, o que não admira sendo uma cidade tão antiga. Ainda hoje há um sítio, nesta cidade, chamado Cova da Moura. De facto, na região existem muitas covas, lapas e grutas, que tiveram serventias diversas. Da cova da Moura não resta o menor vestígio, estando o sítio ocupado pelo casario.

A relação das mouras com o elemento líquido é evidente. A santificação e o culto das águas tinha, para os antigos lusitanos, grande importância. Não diminuiu na época lusitano-romana e em muitos casos mantém-se ainda. A água tem mesmo grande importância em qualquer cerimónia religiosa. É um importante símbolo, que se relaciona com a vida, com as origens, com o renascimento e a regeneração.

Na crença popular há também, ainda hoje a convicção da existência de "águas mortas" (a que está fora de casa, à meia-noite) e de "águas vivas" (as que brotam da terra e têm prestígio sagrado. As águas mortas podem ser vivificadas com uma fórmula que todas as crianças conheciam 2 . Todavia, na manhã de S. João, todas as águas são consideradas sagradas, porque são fecundadas, nesse dia, pelo Sol. E daí a existência dos banhos santos no dia de S. João, como é hábito, por exemplo, na praia de S. Bartolomeu do Mar (Esposende)

3. Ficámos a saber que as mouras são seres sobrenaturais, normalmente associadas às águas, e que a sua existência é assinalada muito antes das invasões dos árabes. E que são, pelo menos em parte, as herdeiras das tradições culturais greco-latinas. Deve-se dizer, agora, que na Idade Média, muitas pessoas ainda tinham restos de clarividência negativa e viam seres chamados elementais, cuja função estava associada às forças que designamos por leis da Natureza. As ondinas e as ninfas eram os espíritos sub-humanos que habitavam nos rios e nas correntes de água. Além disso, as mouras também estão associadas às Parcas 4, que eram divindades que presidiam ao nascimento e depois ao casamento e à morte. Eram as "fiandeiras da vida e da morte". Uma segura o fuso e puxa o fio da vida (o cordão prateado); a segunda enrola-o, registando o "filme" da vida e a base da existência futura e determina o momento da morte; e a terceira corta inflexivelmente esse fio. Na arte, as três parcas foram associadas às "três graças".

Compreenderemos melhor, agora, este assunto, se nos lembrarmos que a palavra moura não deve ser considerada o feminino de mouro, mas um sinónimo de moira, palavra grega que significa "destino", como se pode ver em Horácio 5.

O conceito popular de Moira atribui à fatalidade qualquer série de coincidências à primeira vista inexplicáveis e, sobretudo, as mais infelizes. Os mais conhecedores relacionam a Moira com a justiça e a providência, quer dizer, com a cadeia de causas ou série de causas, que determinam um efeito (lei de causa e efeito). E falam, por isso, em moira maléfica e moira benéfica relacionando-as com divindades ctónicas, que são seres sobrenaturais que habitam as cavidades da terra."





BUSH Vs. KERRY Na actual situação internacional, as eleições presidenciais norte-americanas revestem-se de uma importância decisiva para o futuro do mundo. Com efeito, deixaram de dizer respeito apenas aos Estados Unidos, sendo seguidas com atenção em todo o globo. É o preço do império...

Devo confessar que, se fosse americano, votaria na dupla Kerry-Edwards. Gostava, realmente, que John Kerry fosse o próximo presidente dos Estados Unidos.

Kerry tem uma postura diferente de Bush em relação aos aliados europeus. Embora seja clara a superioridade militar americana em relação aos países europeus, Kerry tem a preocupação e o cuidado de os tratar como parceiros e não como vassalos, o que certamente ajudará a evitar novas fracturas nas relações transatlânticas. Além disso, e em questões de política internacional, as diferenças entre Kerry e Bush têm mais a ver com o modus operandi que propriamente com diferenças significativas a nível de orientação e objectivos. Prova disso é o facto de Kerry ter apoiado a intervenção no Iraque. John Kerry compreende a necessidade de manter a estabilidade e a segurança mundiais, ainda que para tal seja necessário o recurso à força.

Além disso, o candidato democrata não é propriamente um liberal, no sentido americano do termo. Muitas das suas posições têm mais a ver com a social-democracia europeia - na qual também eu, em alguns aspectos, me revejo a nível político e ideológico - que com a esquerda tradicional norte-americana.

Mas independentemente de Kerry vencer ou não as próximas presidenciais, o importante é que os europeus percebam que só conseguiremos construir um mundo mais seguro, mais próspero e mais desenvolvido com uma relação transatlântica forte, baseada numa verdadeira parceria entre a América e a Europa. É necessária uma aliança transatlântica construída em pé de igualdade, mas para isso os europeus têm que se convencer da necessidade de investir a sério no sector da defesa. Só assim conseguiremos controlar os ímpetos de certos falcões do Pentágono, e ajudar a pôr termo a questões que se arrastam há décadas por falta de vontade política das nações europeias. Se a Europa fosse forte - e tem condições para sê-lo! - há muito que a questão israelo-palestiniana teria sido resolvida.

Não faz sentido - e seria muito grave para o futuro da nossa civilização - uma rivalidade entre a América e a Europa. O mundo precisa de uma aliança euro-americana forte, sólida e responsável. E o multilateralismo de que tanto se fala só se tornará possível se a Europa assumir o seu papel e as suas responsabilidades no que à segurança mundial diz respeito.

quarta-feira, julho 14, 2004

NOVO LOOK Depois de 15535 visualizações, cansei-me do anterior template... para já, e em período experimental, fica este novo look. Agradeço eventuais críticas e sugestões!




ÉTICA Numa oral da disciplina de Laboratório de Relações Públicas, diz-nos a docente da cadeira: "Como profissionais de Relações Públicas, devemos abster-nos de tentar manipular a opinião pública. A ética é muito importante. Se vocês um dia agirem de outra forma, não quero que pensem que fui eu que vos ensinei isso..."

Com certeza que a ética é muito importante. Mas será assim na vida real? Será possível conciliar a Verdade com o trabalho em Relações Públicas? Um bom RP é aquele que procura dizer a verdade, ou aquele que procura convencer o público da sua verdade? O que acham?

CÍRCULOS UNINOMINAIS A recente crise política veio mais uma vez chamar a atenção para a questão dos círculos uninominais. O facto de as legislativas se terem convertido em "eleições do primeiro ministro" deve-se, entre outras coisas, ao facto de os círculos eleitorais não serem uninominais. A criação destes círculos - que a Constituição prevê, embora não estabeleça - permitiria duas coisas: seria reconhecida mais legitimidade à Assembleia da República e um existiria um maior contacto entre os eleitores e os deputados eleitos pela sua região. As pessoas confiariam mais nos "seus" deputados e, entre outras coisas, aceitariam melhor um governo nomeado pelo Parlamento, a meio de uma legislatura...

Hoje em dia, dizer-se "deputado por Évora" ou "deputado por Vila Real" não significa rigorosamente nada. O sistema actual privilegia a ascensão dos yes men, indivíduos que sobem na hierarquia dos partidos através da bajulação e da intriga. A Assembleia da República, orgão máximo da nossa democracia, devia ser composta por pessoas com provas dadas nas suas respectivas comunidades, e merecedores do respeito e admiração dos seus concidadãos.

HAVERÁ CORAGEM? Compreendo a posição daqueles que pediam eleições antecipadas. Afinal, formou-se um novo governo, com caras novas e, muito possivelmente, com uma inversão das políticas até aqui seguidas. Todos sabemos que, não obstante o que diz a Lei, nas eleições legislativas o povo vota para eleger o Governo e não os Deputados. Eu próprio escrevi sobre isso recentemente, aqui no “Respublica”.

Embora não aprecie o estilo de Santana Lopes (populista, sem perfil de estado e com um historial pouco credível), creio que Jorge Sampaio decidiu bem. As legislaturas têm quatro anos. A democracia parlamentar tem regras, pois caso contrário, como o presidente bem afirmou, haveria o risco de cair em desvios plebiscitários que poderiam pôr em causa o próprio sistema da democracia representativa. Além disso, as condições que o Presidente colocou como essenciais para o seu assentimento em relação à formação de um novo executivo – continuação das políticas de finanças, construção europeia e negócios estrangeiros – dão toda a legitimidade ao governo sustentado pela maioria parlamentar PSD/PP. Maioria essa que, recorde-se, mereceu a confiança dos portugueses, nas últimas eleições legislativas.

O Presidente decidiu, por isso, de acordo com a Constituição e na defesa dos interesses do país. E com grande coragem, uma vez que a esquerda “histórica/histérica” (leia-se, Ana Gomes e companhia) jamais lhe perdoará tal ousadia.

No entanto, parece-me que Sampaio pecou num aspecto: na excessiva morosidade e na aparente tibieza e indecisão (habilmente exploradas pelos RP’s de Santana, que inundaram os jornais com “fugas” de informação estratégicas...). Com essa aparente tibieza, o Presidente deu a entender que não terá a necessária força de vontade para se impor a Santana, no que diz respeito às políticas de rigor orçamental e de construção europeia. Terá Sampaio a coragem de lançar a bomba atómica, caso Santana não honre os compromissos assumidos? A ver vamos.

ACHO ENGRAÇADA a forma como certos demagogos da extrema-esquerda levantam um dedo acusador ao populismo de Pedro Santana Lopes. Lá no fundo, a demagogia da esquerda e o populismo da direita são muito semelhantes: ambos apelam mais à emoção que à razão, servindo-se de slogans e palavras de ordem como se de verdades absolutas se tratassem; por outro lado, tanto um como outro se acha dono da verdade, assumindo contornos quase messiânicos. Afinal, a esquerda festivaleira caviar não é muito diferente do populismo jet set...

"A ESTRANHA NATUREZA DO BE" Chamou-me a atenção este pequeno texto de João Marques de Almeida, publicado no Acidental:

"Quando Ferro Rodrigues pediu a demissão, pensei: será que Louçã algum dia pedirá a demissão? É óbvio que não, formalmente ele não é líder do Bloco de Esquerda. A situação é aliás curiosa. Formalmente, não há um líder, nem, rigorosamente, uma direcção. Por isso, não há demissões, ninguém é responsabilizado, nem há oposição interna (o que mostra bem a natureza democrática do BE). No entanto, no plano substancial, Louçã é o líder do BE. É a figura mais carismática e com maior visibilidade. Em todas as sondagens com os líderes dos outros partidos, é ele que aparece. Ou seja, é um líder sem o lado negativo da liderança, nunca perde pessoalmente com as derrotas políticas; mas tem o lado positivo, ganha sempre com as vitórias. Duas conclusões. É a vitória do populismo político: os meios de comunicação e a “opinião pública” fazem dele um líder, que nunca tem que responder perante os órgãos do partido (será que existem?). O BE não passa de um grupo cuja máxima aspiração é conseguir “lugares” para os seus dirigentes: "lugares" de deputados, de deputados europeus ou mesmo de ministros, se Portugal não fosse uma democracia representativa e parlamentar, mas sim uma democracia directa, como eles quiseram nas últimas duas semanas."

quarta-feira, julho 07, 2004




HOLBROOKE Chamou-me a atenção a entrevista que o diplomata norte-americano concedeu ao Público, onde, entre outras coisas, afirma o seguinte:

"(...) Claro que temos o mesmo inimigo. A Al-Qaeda quer destruir tanto Portugal como os EUA. Não se engane sobre isto. Qual foi a lição do 11 de Março em Madrid senão esta? (...) Penso que a abordagem europeia da Al-Qaeda é, de algum modo, diferente, porque a Europa não teve uma experiência da dimensão do 11 de Setembro. Mas acho que isso se deve também às minorias muçulmanas que vivem em muito dos principais países europeus. O terrorismo é uma táctica. Só que, no caso particular que estamos a enfrentar, os terroristas têm uma filosofia política niilista, que quer que o mundo regresse ao século XIV, ao mundo do Califado."

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Forrest Gump!


What movie Do you Belong in?(many different outcomes!)
brought to you by Quizilla

terça-feira, julho 06, 2004




MASSADA A fortaleza de Massada foi construída pelo rei Herodes, O Grande, na segunda metade do século I a.C. A fama de crueldade do rei Herodes não se deve apenas aos textos do Novo Testamento a ele referentes, que narram o célebre "Massacre dos Inocentes" e outras tropelias do monarca (cuja veracidade, contudo, permanece por comprovar). Herodes, tal como o seu pai Antípatro - um idumeu que conseguiu usurpar o trono judaico aos monarcas asmoneus - era sobejamente conhecido pela sua sagacidade e crueldade. O imperador Augusto, por exemplo, gracejava dizendo que os porcos pertencentes a Herodes corriam menos risco de vida que os próprios filhos do rei; queria com isto dizer que, como a lei judaica proibia o consumo de carne de porco, os animais nada tinham a temer, ao passo que os filhos de Herodes tinham, e muito! Vários foram assassinados por ordem do próprio pai, cioso do seu poder e atento a eventuais tentativas de usurpação, ainda que puramente imaginárias.

Massada foi construída num maciço rochoso praticamente inexpugnável, porque o rei Herodes - aliado de Octávio durante as guerras civis romanas - temia um ataque das forças de Cleópatra e Marco António.

Quase cem anos mais tarde, aquando da Guerra Judaica (66/70 d.C.), cerca de 900 homens, mulheres e crianças refugiaram-se na fortaleza. Jerusálem tinha já caído nas mãos de Tito, e o Templo fora destruído. Os Romanos apressaram-se a cercar Massada, e durante três anos os judeus conseguiram defender a fortaleza. Até que, quando os romanos estavam prestes a tomar Massada, Eleazar Ben Ya'ir, líder dos defensores, propôs o suicídio colectivo como a única alternativa ao cativeiro e à escravidão. Segundo Flávio Josefo, general judeu que depois se passou para o lado dos vencedores (e que escreveu um relato da guerra, talvez com a intenção de branquear as suas acções), Ben Ya'ir conseguiu convencer os companheiros, não obstante algumas resistências iniciais. Depois de se despedirem uns dos outros e das respectivas famílias, os defensores começaram por degolar as mulheres e os filhos. De seguida, tiraram sortes para ver quem morria primeiro, até sobreviver apenas um. O último defensor de Massada tombou sobre a própria espada, e quando os legionários romanos finalmente penetraram na fortaleza, apenas encontraram cadáveres. Todavia, mais tarde, duas mulheres e três crianças foram encontradas ainda com vida, escondidas nos subterrâneos da fortaleza.

Massada tornou-se doravante um símbolo de Israel e da liberdade. A versão inglesa do texto de Josefo referente a este dramático episódio, pode ser encontrada neste site. Existe também um outro site, que contém uma tradição inglesa da "Guerra Judaica", de Flávio Josefo.




PARABÉNS (II) O Arqueoblogo, do Marcos (também meu colega co-autor do blog Roma Antiga, onde é conhecido como Marcus Claudius Osorius), completa hoje um ano de existência. Muitos parabéns!

segunda-feira, julho 05, 2004

PARABÉNS O excelente blog Tempore, do Parca (meu colega no Roma Antiga, ali conhecido como Quintus Fabius Maximus), completou ontem um ano de existência. Muitos parabéns, e que continuem com a qualidade a que nos habituaram!

LOUÇÃ Não possuo qualquer afinidade política ou ideológica com Francisco Louçã, mas não tenho qualquer problema em admitir que ele é um homem inteligente. Todavia, não gosto da sua forma de fazer política; é um indivíduo brilhante, sem dúvida, mas um demagogo.

Ao abrigo da imunidade parlamentar, Louçã recorre a acusações vagas e a insinuações paranóicas, que ele não consegue provar mas que os visados também não conseguem desmentir (por exemplo, provar que o facto de o Ministro "X" ser amigo pessoal do empresário "B" não significa que esteja em causa a defesa dos interesses do país).

Foi um dos que viu o processo contra Paulo Pedroso como uma variante lusitana do caso Dreyfuss mas, ao mesmo tempo, não se coíbe de fazer pairar dúvidas quanto à seriedade e honestidade dos políticos da maioria, apenas com base em meras suposições.

Fala em nome da democracia, ao mesmo tempo que não nega a sua herança trotskista. Considera a coligação governamental "ilegítima", por ter sido formada após as eleições, mas admite a transformação do Bloco em "partido do poder" e uma eventual coligação com o PS, mas "apenas depois das eleições" (no Público de ontem).

Só resta esperar que, caso se venha a formar uma coligação PS/BE, não atribuam a Louçã uma das seguintes pastas: Finanças, Economia, Negócios Estrangeiros ou Defesa.

quinta-feira, julho 01, 2004




ELEIÇÕES ANTECIPADAS (II) Num corajoso artigo, José Pacheco Pereira critica fortemente Santana Lopes e tudo o que ele representa:

"(...)7. Depois, a herança que Barroso deixou ao país chama-se Santana Lopes, um partido moldado à imagem de Santana Lopes, um governo PPD-PP, muito mais à direita que o que Barroso permitia ser o seu, e uma inflexão de política que inevitavelmente (sublinho, inevitavelmente) vai dar cabo do pouco que se tinha conseguido. Aqui entra um logro e quase uma traição. Barroso fez grande parte da sua carreira partidária contra Santana Lopes, muitos dos seus apoios vinham de pessoas que consideravam que ele era, no partido, a melhor barreira contra um tipo de liderança populista que contrariava a identidade política que pensávamos ter Durão Barroso. Para muitos, era claro que votar Barroso era votar contra Santana Lopes, e se havia “barrosismo” era este o seu sentido político.

8. E por isso me sinto traído, como aliás muita gente que talvez não o diga com esta clareza. Porque há várias coisas de que eu tenho a certeza. Eu não votei nas últimas legislativas no Governo que aí vem. Eu não votei nas últimas legislativas numa coligação PSD-PP, muito menos num governo PPD-PP. Eu não apoiei Durão Barroso para me sair Santana Lopes. O voto, mesmo para os intelectuais e “comentaristas”, como se diz agora com desprezo, não tem nenhuma sofisticação especial. O voto, aliás, tem essa virtude de ser simples e inequívoco, uma escolha. E eu, como muita gente no PSD e no país, nunca fiz a que agora me querem impor. Este é o “golpe de Estado” de que fala Manuela Ferreira Leite. Tem a ver com a substância, não com os estatutos.

(...) 14. Tudo o que caracteriza uma política populista está aqui retratado: decisões pessoais erráticas, apoiadas mais na necessidade de fazer anúncios à imprensa ou contrariar opositores do que no estudo dos problemas, encomendas apressadas, mudanças de última hora, encravamento geral de todo o processo por falta de atenção às condições legais e financeiras. Alguém tem uma ideia de quanto tudo isto já custou ao Município de Lisboa, sem qualquer resultado palpável? Certamente muitos milhões. O resultado vai ser a mais cara fotografia jamais feita em Portugal, a que ilustra o livro de Santana Lopes sobre a “cultura”, Santana Lopes e Ghery mudando Lisboa. É assim que eu não quero que Portugal venha a ser governado. É assim que o será? Não sei. Está escrito nas estrelas."


Absolutamente de acordo. E tal como Pacheco Pereira, sinto-me traído e desiludido.

Entretanto, o CAA da Blasfémia, recorda que existe outro "vice" no partido, Rui Rio. Apesar de tudo, o presidente da câmara do Porto seria uma figura mais consensual - para o país, não para o PSD - que Santana. Mas em minha opinião, só um ministro do actual governo teria legitimidade para governar o país durante os próximos dois anos. Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes e Morais Sarmento são as únicas pessoas que poderiam liderar o executivo, sem acusações de usurpação e de falta de legitimidade democrática. Além disso, seria a única forma de o actual programa governamental se manter, indo de encontro aos compromissos assumidos com o eleitorado.

Claro que, optando por essa via, o PSD dificilmente venceria as eleições de 2006. Mas o que é mais importante? Fazer como o PS - muita treta e pouca obra - ou governar a pensar nos interesses do país? Haja coragem. Além de que, da forma que as coisas estão, o próprio Santana Lopes terá grande dificuldade em vencer as eleições. Nunca se livrará da acusação de usurpar o poder. Já há quem lhe chame "D. Pedro VI, O Usurpador".




OS HOMENS E AS MULHERES PODEM SER AMIGOS? Num seu blog satélite, o Alex interroga-se sobre se é possível existir verdadeira amizade entre homens e mulheres. Ao ler o seu post, lembrei-me do divertido filme "When Harry met Sally", com Billy Crystal e Meg Ryan nos principais papéis.

Um dos mais conhecidos e divertidos diálogos do filme trava-se quando Harry explica a Sally porque é que não podem ser amigos:

"Sally: We are just going to be friends, okay?

Harry: Yeah. Great. Friends. Best thing.

(long silence)

Harry: You realize, of course, that we can never be friends.

Sally: What do you mean?

Harry: "What I'm saying - and this is not a come-on in any way, shape or form - is that men an women can't be friends.

Sally: That's not true. I've a number of men friends and there's no sex envolved.

Harry: No you don't.

Sally: Yes I do.

Harry: No you don't.

Sally: Yes I do.

Harry: You only think you do.

Sally: You are saying I'm having sex with these men without my knowledge?

Harry: No, I'm saying they all want to have sex with you.

Sally: They do not.

Harry: They do too.

Sally: They do not.

Harry: Do too.

Sally: How do you know?

Harry: Because no men can be friends with a woman he finds attractive. He always want to have sex with her.

Sally: So, you are saying a man can be friends with a woman he finds unnattractive?

Harry: No, you pretty much want to have sex with them too.

Sally: What if they don't want to have sex with you?

Harry: Doesn't matter. The sex thing is already out there, so the friendship is ultimately doomed, and that's the end of the story.

Sally: Well. I guess we are not going to be friends, then.

Harry: I guess not.

Sally: It's too bad. You were the only person I knew in New York".



E vocês, que acham? Podem os homens e as mulheres serem apenas amigos?

(o argumento do filme pode ser encontrado neste endereço, em formato pdf).