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terça-feira, julho 06, 2004




MASSADA A fortaleza de Massada foi construída pelo rei Herodes, O Grande, na segunda metade do século I a.C. A fama de crueldade do rei Herodes não se deve apenas aos textos do Novo Testamento a ele referentes, que narram o célebre "Massacre dos Inocentes" e outras tropelias do monarca (cuja veracidade, contudo, permanece por comprovar). Herodes, tal como o seu pai Antípatro - um idumeu que conseguiu usurpar o trono judaico aos monarcas asmoneus - era sobejamente conhecido pela sua sagacidade e crueldade. O imperador Augusto, por exemplo, gracejava dizendo que os porcos pertencentes a Herodes corriam menos risco de vida que os próprios filhos do rei; queria com isto dizer que, como a lei judaica proibia o consumo de carne de porco, os animais nada tinham a temer, ao passo que os filhos de Herodes tinham, e muito! Vários foram assassinados por ordem do próprio pai, cioso do seu poder e atento a eventuais tentativas de usurpação, ainda que puramente imaginárias.

Massada foi construída num maciço rochoso praticamente inexpugnável, porque o rei Herodes - aliado de Octávio durante as guerras civis romanas - temia um ataque das forças de Cleópatra e Marco António.

Quase cem anos mais tarde, aquando da Guerra Judaica (66/70 d.C.), cerca de 900 homens, mulheres e crianças refugiaram-se na fortaleza. Jerusálem tinha já caído nas mãos de Tito, e o Templo fora destruído. Os Romanos apressaram-se a cercar Massada, e durante três anos os judeus conseguiram defender a fortaleza. Até que, quando os romanos estavam prestes a tomar Massada, Eleazar Ben Ya'ir, líder dos defensores, propôs o suicídio colectivo como a única alternativa ao cativeiro e à escravidão. Segundo Flávio Josefo, general judeu que depois se passou para o lado dos vencedores (e que escreveu um relato da guerra, talvez com a intenção de branquear as suas acções), Ben Ya'ir conseguiu convencer os companheiros, não obstante algumas resistências iniciais. Depois de se despedirem uns dos outros e das respectivas famílias, os defensores começaram por degolar as mulheres e os filhos. De seguida, tiraram sortes para ver quem morria primeiro, até sobreviver apenas um. O último defensor de Massada tombou sobre a própria espada, e quando os legionários romanos finalmente penetraram na fortaleza, apenas encontraram cadáveres. Todavia, mais tarde, duas mulheres e três crianças foram encontradas ainda com vida, escondidas nos subterrâneos da fortaleza.

Massada tornou-se doravante um símbolo de Israel e da liberdade. A versão inglesa do texto de Josefo referente a este dramático episódio, pode ser encontrada neste site. Existe também um outro site, que contém uma tradição inglesa da "Guerra Judaica", de Flávio Josefo.