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quarta-feira, julho 14, 2004

"A ESTRANHA NATUREZA DO BE" Chamou-me a atenção este pequeno texto de João Marques de Almeida, publicado no Acidental:

"Quando Ferro Rodrigues pediu a demissão, pensei: será que Louçã algum dia pedirá a demissão? É óbvio que não, formalmente ele não é líder do Bloco de Esquerda. A situação é aliás curiosa. Formalmente, não há um líder, nem, rigorosamente, uma direcção. Por isso, não há demissões, ninguém é responsabilizado, nem há oposição interna (o que mostra bem a natureza democrática do BE). No entanto, no plano substancial, Louçã é o líder do BE. É a figura mais carismática e com maior visibilidade. Em todas as sondagens com os líderes dos outros partidos, é ele que aparece. Ou seja, é um líder sem o lado negativo da liderança, nunca perde pessoalmente com as derrotas políticas; mas tem o lado positivo, ganha sempre com as vitórias. Duas conclusões. É a vitória do populismo político: os meios de comunicação e a “opinião pública” fazem dele um líder, que nunca tem que responder perante os órgãos do partido (será que existem?). O BE não passa de um grupo cuja máxima aspiração é conseguir “lugares” para os seus dirigentes: "lugares" de deputados, de deputados europeus ou mesmo de ministros, se Portugal não fosse uma democracia representativa e parlamentar, mas sim uma democracia directa, como eles quiseram nas últimas duas semanas."