respublica

quinta-feira, julho 15, 2004




BUSH Vs. KERRY Na actual situação internacional, as eleições presidenciais norte-americanas revestem-se de uma importância decisiva para o futuro do mundo. Com efeito, deixaram de dizer respeito apenas aos Estados Unidos, sendo seguidas com atenção em todo o globo. É o preço do império...

Devo confessar que, se fosse americano, votaria na dupla Kerry-Edwards. Gostava, realmente, que John Kerry fosse o próximo presidente dos Estados Unidos.

Kerry tem uma postura diferente de Bush em relação aos aliados europeus. Embora seja clara a superioridade militar americana em relação aos países europeus, Kerry tem a preocupação e o cuidado de os tratar como parceiros e não como vassalos, o que certamente ajudará a evitar novas fracturas nas relações transatlânticas. Além disso, e em questões de política internacional, as diferenças entre Kerry e Bush têm mais a ver com o modus operandi que propriamente com diferenças significativas a nível de orientação e objectivos. Prova disso é o facto de Kerry ter apoiado a intervenção no Iraque. John Kerry compreende a necessidade de manter a estabilidade e a segurança mundiais, ainda que para tal seja necessário o recurso à força.

Além disso, o candidato democrata não é propriamente um liberal, no sentido americano do termo. Muitas das suas posições têm mais a ver com a social-democracia europeia - na qual também eu, em alguns aspectos, me revejo a nível político e ideológico - que com a esquerda tradicional norte-americana.

Mas independentemente de Kerry vencer ou não as próximas presidenciais, o importante é que os europeus percebam que só conseguiremos construir um mundo mais seguro, mais próspero e mais desenvolvido com uma relação transatlântica forte, baseada numa verdadeira parceria entre a América e a Europa. É necessária uma aliança transatlântica construída em pé de igualdade, mas para isso os europeus têm que se convencer da necessidade de investir a sério no sector da defesa. Só assim conseguiremos controlar os ímpetos de certos falcões do Pentágono, e ajudar a pôr termo a questões que se arrastam há décadas por falta de vontade política das nações europeias. Se a Europa fosse forte - e tem condições para sê-lo! - há muito que a questão israelo-palestiniana teria sido resolvida.

Não faz sentido - e seria muito grave para o futuro da nossa civilização - uma rivalidade entre a América e a Europa. O mundo precisa de uma aliança euro-americana forte, sólida e responsável. E o multilateralismo de que tanto se fala só se tornará possível se a Europa assumir o seu papel e as suas responsabilidades no que à segurança mundial diz respeito.