quinta-feira, março 23, 2006
SURREAL A entrevista que o líder da JSD, Daniel Fangueiro, concedeu ao Público é surreal. Aliás, infelizmente é demasiado real. Antes de mais, as questões que lhe colocaram incidiram apenas sobre o uso de embriões, o aborto, a prostituição, a droga, a homossexualidade e as "barrigas de aluguer". Como se não existissem coisas bem mais sérias a preocuparem a juventude portuguesa. Ainda para mais, o homem responde a estas questões com uma leviandade e ignorância extraordinárias. Fangueiro aborda assuntos de enorme complexidade como se falasse de cerveja e amendoins. E assim andam as "jotas".
CONCORRÊNCIA DESLEAL Além do facto de nove em cada dez dos seus elementos estarem atrás das grades, a rendição da ETA deve-se também à globalização: "Analists agree the turning point for ETA came with the eruption of Islamist terrorism in Spain, (...). «Eta cannot compete with Islamist extremism and the practice of indiscriminate mass murder», Mr Aulestia says. "Al-Quaeda consigned ETA to irrelevance" - No Financial Times de hoje.
sexta-feira, março 10, 2006
DUALIDADE Anda muita gente preocupada com Guantanamo. E com razão. Mas não vejo tanta indignação perante o que se passa a alguns quilómetros daquela base norte-americana, nas prisões de Fidel Castro. Nem ouço esse mesmo coro de vozes indignar-se com a brutalidade chinesa.
INSTRUMENTO O brutal homicídio do transexual Gisberto tem servido para dar ânimo a todo o tipo de causas. A mesma "família" que o deixou abandonado à sua sorte durante anos pondera agora pedir uma indemnização (!) ao Estado português. Os grupos de homossexuais exigem a responsabilização criminal de todos aqueles que não pensem como eles (bastaria considerar a homossexualidade imoral para ser levado a tribunal). O caso serviu também para atacar a Igreja, como se esta fosse responsável pelo sucedido. Pobre Gisberto, que abandonado por todos em vida, violentamente espancado e assassinado, é agora instrumentalizado.
quarta-feira, março 08, 2006
BOAS INTENÇÕES A pretexto do Dia Internacional da Mulher, o "Público" contém hoje uma entrevista a Graça Guedes, professora da Universidade do Porto, na qual se pode ler o seguinte:
"A comunicação social não promove os feitos dos atletas de igual modo. Num estido (…) comparava-se dois jornais durante um mês, A Bola e o Jornal de Notícias. Não tendo em conta as notícias sobre futebol (…) verificava-se que as notícias sobre mulheres eram muitíssimo menos do que as que se referiam a atletas masculinos. (…) A alta competição exige muitos sacrifícios, por isso tem de haver motivações e uma delas é o reconhecimento público. (…) Esse pode ser conseguido através dos meios de comunicação social. (…) É agenda dos jornais que não quer apresentar as mulheres.”
Discordo em absoluto. Embora tendo em conta as diferentes linhas editoriais, os jornais não devem estar ao serviço de quaisquer causas, por mais politicamente correctas ou bem intencionadas que sejam. Seria tão lícito e justificado usar os media para promover a imagem pública das mulheres, como para outras causas, quiçá menos nobres. De boas intenções está o inferno cheio. Além de que não deviam servir para dar “reconhecimento” seja a quem for, mas sim para informar os leitores sobre aquilo que lhes interessa. No caso do jornal “A Bola”, cujos leitores são na sua maioria homens, será normal que os desportos praticados por mulheres não sejam alvo de tanta atenção. Exigir o contrário seria o mesmo que pedir a um jornal de economia para publicar reportagens sobre viagens ou críticas de literatura. Cada macaco no seu galho!
A igualdade entre os sexos não se conseguirá por decreto, por manipulação dos media ou pela imposição de quotas no Parlamento.
"A comunicação social não promove os feitos dos atletas de igual modo. Num estido (…) comparava-se dois jornais durante um mês, A Bola e o Jornal de Notícias. Não tendo em conta as notícias sobre futebol (…) verificava-se que as notícias sobre mulheres eram muitíssimo menos do que as que se referiam a atletas masculinos. (…) A alta competição exige muitos sacrifícios, por isso tem de haver motivações e uma delas é o reconhecimento público. (…) Esse pode ser conseguido através dos meios de comunicação social. (…) É agenda dos jornais que não quer apresentar as mulheres.”
Discordo em absoluto. Embora tendo em conta as diferentes linhas editoriais, os jornais não devem estar ao serviço de quaisquer causas, por mais politicamente correctas ou bem intencionadas que sejam. Seria tão lícito e justificado usar os media para promover a imagem pública das mulheres, como para outras causas, quiçá menos nobres. De boas intenções está o inferno cheio. Além de que não deviam servir para dar “reconhecimento” seja a quem for, mas sim para informar os leitores sobre aquilo que lhes interessa. No caso do jornal “A Bola”, cujos leitores são na sua maioria homens, será normal que os desportos praticados por mulheres não sejam alvo de tanta atenção. Exigir o contrário seria o mesmo que pedir a um jornal de economia para publicar reportagens sobre viagens ou críticas de literatura. Cada macaco no seu galho!
A igualdade entre os sexos não se conseguirá por decreto, por manipulação dos media ou pela imposição de quotas no Parlamento.
domingo, março 05, 2006
ENTRETER AS MASSAS O novo movimento cívico de Manuel Alegre em nada se distingue de um partido. É um partido, mas com outro nome. Um pouco à semelhança de Manuel Alegre, que toda a vida foi um político do "sistema" que fez carreira a falar contra esse mesmo "sistema". E se em 30 anos o "sistema" não correu com ele - como fez a tantos outros que realmente ameaçaram a ordem das coisas -, é porque Alegre nunca foi uma ameaça para o dito. Foi apenas folclore para entreter as massas e quem controla os partidos sabe disso.
sábado, março 04, 2006
JORNALISMO DE CAUSAS Fernanda Câncio não compreende porque razão ela, uma defensora acérrima dos direitos dos homossexuais, não é a pessoa mais indicada para escrever sobre esse mesmo assunto. A jornalista do DN reagiu assim a um artigo que o director do Público, José Manuel Fernandes, na Atlântico. É pena que uma profissional da sua categoria confunda jornalismo com panfletismo. Porque o "jornalismo de causas" é isso mesmo. Onde está a isenção? O rigor? A objectividade?