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quarta-feira, março 08, 2006

BOAS INTENÇÕES A pretexto do Dia Internacional da Mulher, o "Público" contém hoje uma entrevista a Graça Guedes, professora da Universidade do Porto, na qual se pode ler o seguinte:

"A comunicação social não promove os feitos dos atletas de igual modo. Num estido (…) comparava-se dois jornais durante um mês, A Bola e o Jornal de Notícias. Não tendo em conta as notícias sobre futebol (…) verificava-se que as notícias sobre mulheres eram muitíssimo menos do que as que se referiam a atletas masculinos. (…) A alta competição exige muitos sacrifícios, por isso tem de haver motivações e uma delas é o reconhecimento público. (…) Esse pode ser conseguido através dos meios de comunicação social. (…) É agenda dos jornais que não quer apresentar as mulheres.”

Discordo em absoluto. Embora tendo em conta as diferentes linhas editoriais, os jornais não devem estar ao serviço de quaisquer causas, por mais politicamente correctas ou bem intencionadas que sejam. Seria tão lícito e justificado usar os media para promover a imagem pública das mulheres, como para outras causas, quiçá menos nobres. De boas intenções está o inferno cheio. Além de que não deviam servir para dar “reconhecimento” seja a quem for, mas sim para informar os leitores sobre aquilo que lhes interessa. No caso do jornal “A Bola”, cujos leitores são na sua maioria homens, será normal que os desportos praticados por mulheres não sejam alvo de tanta atenção. Exigir o contrário seria o mesmo que pedir a um jornal de economia para publicar reportagens sobre viagens ou críticas de literatura. Cada macaco no seu galho!

A igualdade entre os sexos não se conseguirá por decreto, por manipulação dos media ou pela imposição de quotas no Parlamento.