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quarta-feira, agosto 31, 2005

PROBLEMAS GRAVES "Sócrates tem de perceber que há um problema gravíssimo ao nível de outros que tem em cima da mesa". Ao ler isto, até pensamos que se trata de alguma coisa importante, cuja não resolução votará o país ao triste fado de permanecer na cauda da Europa durante mais um século ou dois. Algo como a excessiva burocracia, os entraves à iniciativa privada e ao empreendorismo, a má qualidade de ensino, o atraso científico e tecnológico, a falta de competitividade...

Mas depois lê-se o resto e percebemos, finalmente, porque é que não saímos da cepa torta: "Penso que a administração fiscal perdeu de repente a cabeça e julga que se está realmente numa república das bananas. (...) Não vamos fazer de conta que por causa dos incêndios e da reforma da administração pública o futebol deve ficar esquecido. O Sporting não o vai permitir".

Ainda bem que não estamos numa República das Bananas. Deus nos livre...

PAZ? O que é a paz? Pode haver verdadeira paz sem democracia? Existirá verdadeira paz num regime que tortura e assassina os seus próprios cidadãos e que viola os direitos humanos mais elementares? Muitos dos que se apressam a manter o "status quo" internacional - se necessário compactuando com regimes ditatoriais que martirizam os seus povos -, esquecem-se que as teses soberanistas que tanto defendem levantam uma questão essencial: em quem reside a soberania? Nos ditadores sanguinários que tiranizam meio mundo, ou nos povos por eles oprimidos?

You Passed the US Citizenship Test

Congratulations - you got 8 out of 10 correct!

Your Power Color Is Indigo

At Your Highest:

You are on a fast track to success - and others believe in you.

At Your Lowest:

You require a lot of attention and praise.

In Love:

You see people as how you want them to be, not as how they are.

How You're Attractive:

You're dramatic flair makes others see you as mysterious and romantic.

Your Eternal Question:

"Does This Work Into My Future Plans?"

LENDA Yourcenar escreveu, no magnífico "Memórias de Adriano", que a nossa "lenda" é metade composta por aquilo que fazemos da nossa vida, e outra metade pelas coisas tontas que os outros dizem de nós. Com efeito, a ideia que os outros têm de nós é geralmente falsa, frequentemente baseada em primeiras impressões e rumores, ou inquinada por invejas, ciúmes e outras zelarias.

Todavia, conheço casos de várias personalidades a quem acontece o inverso: fazendo das suas vidas uma contínua sucessão de tontarias, conseguiram a proeza de merecer a aprovação dos outros. Tudo se lhes perdoa e releva com um sorriso condescendente.

Mas ainda que seja impossível enganar toda a gente durante algum tempo, não o é enganar toda a gente durante todo o tempo.

quinta-feira, agosto 25, 2005

"O DILEMA DO SULTÃO" Na sua edição de Agosto, a revista de contos brasileira "Bestiário" publicou um conto de minha autoria, intitulado "O Dilema do Sultão", cuja acção decorre num qualquer sultanato turco da Síria ou da Ásia Menor, nos séculos XII/XIII. Recomendo uma visita ao site da revista, que contém dezenas de trabalhos de contistas brasileiros, portugueses e hispano-americanos.

quinta-feira, agosto 18, 2005

POST POLITICAMENTE CORRECTO "Desculpem lá, obrigado por nos terem alertado para as nossas imperfeições, voltem sempre e rebentem umas bombas sempre que quiserem! Voltem sempre e obrigado por serem tão bons, tão justos, tão misericordiosos, tão civilizados, tão educados e tão generosos em corrigir-nos como um pai a um filho!"

terça-feira, agosto 16, 2005

RECRISTIANIZAR (II)O Zé Filipe respondeu ao meu post anterior. Estamos de acordo em vários pontos, embora sob perspectivas algo distintas.

O Zé enumerou três questões chave:

"Uma: hedonismo vs. aceitação do sacrifício. A "aceitação do sacrifício" que faz parte da mensagem cristã é difícil de entender na nossa sociedade consumista. Mas é preciso explicar que não é o sacrifício por si só que tem valor. Ele tem valor se for uma oferta, quer dizer, se for feito com um fim que o ultrapasse. Pregar o sacrifício por si só tem pouco sentido. Depois de tantos anos a ouvir que o prazer era pecado, é natural que agora ninguém ligue à questão do sacifício. Por isso tenho muitas dúvidas quando oiço aqueles discursos que contrapõem o "ser" e o "ter", como se os cristãos fossem umas almas imateriais que passam sem um bom almoço."

Claro que o sacrifício de que falo não é o dos penitentes que se auto-flagelam nas Filipinas ou dos peregrinos que vão a Fátima de joelhos (embora me pareça que mesmo este, aos olhos de Deus, não deixará de ter algum valor, dependendo da intenção). Refiro-me a sacrifícios como partilhar o nosso "pão" com os outros, ainda que fiquemos a perder com isso; a sofrer de forma resignada o mal que nos é feito, se isso for útil a um bem maior ou a um objectivo mais importante que o nosso próprio bem estar; a abdicarmos de pequenos prazeres da vida, quando estão em causa os princípios por que nos regemos ou o bem estar de outrém; a ser fiel aos nossos compromissos conjugais, familiares ou sociais, ainda que isto nos seja difícil. Por exemplo, o sacrifício do marido que se mantém fiel à esposa (e vice-versa), mesmo quando a tentação é grande. Ou daquela pessoa que não abandona os amigos caídos em desgraça, mesmo que isso prejudique a sua carreira política ou profissional.

Fazer este género de sacrifícios implica abdicarmos do nosso próprio bem estar em prol dos outros. São dádivas de amor ao próximo e a Deus.

"Duas: a "Entrega total a Deus e ao próximo". Parece-me que falta concretizar e discutir o que é que significa hoje essa entrega a Deus e ao próximo. E aqui voltamos a questões políticas: solidariedade, atenção às situações de pobreza, solidariedade intergeracional, problemas ecológicos, terrorismo, conflitos e situações de miséria subsistentes,... A Europa tem um papel essencial de ajudar ao desenvolvimento de outros povos. Para dar um exemplo, a Igreja devia pregar o sacrifício de acabarmos com os subsídios à nossa agricultura para abrir o comércio aos produtos dos países subdesenvolvidos."

Concordo, embora ressalvando novamente que o cristianismo é uma crença religiosa e não uma ideologia política.

"Três: discordância teológica. Não concordo que "enquanto cristãos, acreditamos que a vida que realmente interessa não é esta pobre existência terrena, mas sim a que há de vir". Caso assim fosse, de facto, a taxa de alfabetização e a esperança média de vida não eram para nós preocupações. Mas são. A mensagem cristã é clara quanto a isto: o Reino de Deus -- a dimensão de Deus -- não é uma recompensa de bom comportamente no final desta vida miserável. Entrar na dimensão de Deus, viver aqui e hoje a boa notícia anunciada por Cristo implica o empenho total nos problemas deste mundo. Afinal, se acreditamos que o próprio Deus veio ao mundo, é porque o mundo é um local muito especial. O Reino de Deus começa aqui e hoje, nesta nossa magnífica existência terrena."

Posso estar enganado - não sou especialista -, mas parece-me que a doutrina cristã se baseia na crença na ressurreição e na vida eterna junto de Deus. Nesse sentido, esta existência terrena será meramente transitória, pois a verdadeira felicidade de um cristão não se encontra no mundo. Por exemplo, se Jesus acreditasse numa felicidade meramente terrena, não teria voluntariamente sofrido a morte (teria antes assumido o papel de Messias político que muitos dele esperavam); nem tão pouco os milhões de cristãos que nos últimos dois mil anos deram a vida por aquilo em que acreditavam, confiantes na ressurreição.

O que não significa que não procuremos fazer deste mundo o melhor dos mundos possíveis, porque o objectivo da doutrina de Jesus é construir um mundo mais justo, mais solidário, mais pacífico, colocando Deus no centro da vida das pessoas e tendo em vista o Reino que há de vir e a vida eterna junto de Deus.

E quando referi a taxa de alfabetização e a esperança média de vida, quis ilustrar o seguinte: por um lado, é possível ser feliz sendo analfabeto e vivendo menos que a esperança média de vida. A verdadeira felicidade não reside nos bens materiais, no "status" ou no nível cultural (basta comparar a taxa de depressões da Suécia com a de países latino-americanos ou africanos).

Por outro, a taxa de alfabetização e a esperança média de vida são importantes, mas para um cristão não são mais que Deus, a Boa Nova de Jesus ou a vida eterna. Os confortos terrenos são importantes, mas acessórios e dispensáveis, se tal for necessário para a nossa salvação. Foi isso que quis ilustrar.

Em resumo, penso que a Europa de hoje absorveu algumas noções cristãs, mas não é hoje mais cristã que era há alguns séculos. Aliás, a Europa nunca foi verdadeiramente cristã.

Ainda a respeito da Europa, e no seguimento do post anterior, devo acrescentar que não concordo com o remeter das crenças para as sacristias, da forma como tal foi feito na Europa. Hoje em dia, encara-se a religião como uma coisa de que não fica bem falar. Por exemplo, um político pode dizer-se publicamente deste ou daquele clube de futebol - muitas vezes em tons fanáticos e estúpidos q.b. -, mas não pode afirmar-se na sua condição de crente. Penso que este modo de agir revela uma forma doentia de lidar com a religião, confundindo-se o necessário laicismo com o ateísmo de Estado.

Evidentemente, a religião não deve imiscuir-se em questões políticas. Mas o Estado deveria reconhecer o papel positivo desempenhado pelas diferentes crenças, em pé de igualdade entre si.

quarta-feira, agosto 10, 2005

RECRISTIANIZAR? O Zé Filipe, conterrâneo da Terra da Alegria, escreveu um post no seu (excelente) blog a respeito de um recente artigo de Ana Vicente no Público. Entre outras coisas, pode ler-se o seguinte:

"Ana Vicente publica no "Público" um texto interessante e pertinente. Chama-se "Os melhores alunos do cristianismo" e fala sobre a Europa. Essa Europa que continuamos a ouvir dizer ser necessário "recristianizar". Recristianiquê? A verdade é que a Europa é dos melhores sítios para se viver hoje. E é-o, como diz Ana Vicente porque os valores cristãos impregnaram na nossa cultura: "(...)as populações que vivem na Europa, quer o reconheçam ou não, foram beber nos Evangelhos os seus valores mais preciosos: a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a justiça, a paz. É por isso que podemos afirmar, sem qualquer hesitação, que a Europa nunca foi tão cristã como agora.» O "re" de "recristianizar" é particularmente absurdo. Alguém pretende voltar ao passado?"

Estou de acordo com o Zé Filipe quando diz que a Europa de hoje é um dos melhores locais para se viver, e ainda bem que se deram todas as conquistas sociais que ele refere no seu post.

Todavia, por outro lado, penso que é de facto necessário "recristianizar" a Europa (ou melhor, "cristianizar"). E isso não passa por voltar ao obscurantismo de outrora - causado pela Igreja, mas também e principalmente pelas condições sociais e civilizacionais daqueles tempos -, mas antes pela difusão de outros valores cristãos tão importantes como os referidos no texto do Zé Filipe, como a integridade, a pureza de actos e intenções, a honestidade e a generosidade.

Outro valor importante é o da devoção, pois enquanto cristãos não podemos ter dois senhores, tendo de escolher entre Deus e o dinheiro, a fama, a ambição pessoal, e tudo o que nos afaste do Bem (e, por consequência, de Deus).

Também a tolerância deve ser difundida, pois há muita falsa tolerância no discurso dominante na Europa e nos hábitos dos europeus "politicamente correctos"... por exemplo, muitas pessoas se revoltam (e bem) quando ouvem anedotas racistas, mas acham normal reproduzir as maiores barbaridades e preconceitos contra o cristianismo ou outras religiões. A mesma indiferença com que nos anos 20 se ouviam anedotas sobre judeus e com que as ideias anti-semitas eram encaradas (embora, evidentemente, não queira banalizar o anti-semitismo e o Holocausto com esta analogia).

Os europeus sempre tiveram um forte pendor para o totalitarismo. Começou com o Baixo Império romano, e continuou séculos fora até aos nossos dias, com o cesaro-papismo, a Inquisição, a intolerância religiosa (católica e protestante, principalmente), o "despotismo iluminado", o jacobinismo, o marxismo-leninismo, o estalinismo, o nazismo e o fascismo. Pelo meio, filósofos como Rousseau e Marx defenderam ideias totalitárias que ainda hoje nos influenciam. Basta comparar a filosofia anglo-saxónica com a do "continente" para perceber as diferenças de perspectiva entre as duas correntes, bem como para compreender como os europeus "continentais" sempre subjugaram a liberdade individual - de expressão, de pensamento, cívica e económica -, a princípios considerados mais "elevados", e geralmente utópicos, que pretensamente justificavam as maiores atrocidades.

Esta postura persiste hoje em grande parte da intelectualidade e das élites europeias. E o "politicamente correcto" actual, com os seus preconceitos anti-clericais, as suas causas pretensamente "libertárias", a sua crença de que a felicidade do Homem consegue-se apenas com confortos materiais e o seu relativismo desenfreado, constitui uma nova forma de ditadura do discurso, um totalitarismo "soft" que ostraciza quem não partilha das suas ideias.

Esta nova forma de totalitarismo é visível na Europa, fazendo com que se chegue ao ponto de demitir um comissário europeu por este ter crenças religiosas contrárias ao pensamento único. Bem lá no fundo, é ainda a mesma intolerância do tempo da Inquisição e das Guerras de Religião, que fez com que milhões de europeus partissem para a América. E uma das características admiráveis da América é precisamente o facto de nela sempre ter existido liberdade de pensamento, de crença e de expressão.

Por exemplo, a Constituição de 1776 estabelece a separação entre religião e Estado, não com a intenção de remeter as crenças para as sacristias, como se fez na Europa, mas sim com o objectivo de proteger as confissões religiosas das intromissões e manipulações por parte do poder temporal.

A felicidade de um cristão não reside no usufruto de bens materiais, nos prazeres da vida terrena ou numa existência hedonista. A doutrina cristã não se reduz a esses valores de "liberdade, igualdade, fraternidade, justiça e paz". Se assim fosse, se a doutrina de Jesus se resumisse a estes conceitos, Ele teria sido um líder político e não o Filho de Deus que se fez homem, morreu e ressuscitou. Ora Cristo foi condenado e crucificado por duas razões aparentemente paradoxais entre si: por um lado, foi condenado porque alguns viam nele um factor de perturbação política e social - que era, de facto, embora o Seu Reino seja apenas espiritual; por outro lado, porque ele próprio se recusou a ser um líder político, o tal Messias guerreiro por cuja vinda Judas Iscariotes e os Zelotas ansiavam.

A doutrina cristã trancende em muito esses valores sociais de "liberdade, igualdade, fraternidade, justiça e paz", citados por Ana Vicente. Cristo foi muito mais além, defendendo o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Por amor ao Pai e ao próximo, Jesus sacrificou a própria vida. É essa capacidade de se entregar por Deus e pelos outros, bem como a crença numa vida eterna junto de Deus, que deve distinguir os cristãos.

Os ensinamentos de Jesus acarretam, por isso, dois conceitos completamente opostos à mentalidade dominante europeia; são eles a aceitação do sacrifício e a capacidade de entrega total a Deus e ao próximo. Ora não me parece que estes princípios centrais do cristianismo sejam partilhados por muitos europeus.

Além disso, o Cristianismo não é uma teoria social ou uma ideologia, mas sim uma crença religiosa a que está associado um sistema ético e moral (pessoal e social). O que constitui mais um motivo para não misturar o Cristianismo com questões políticas ou com ideologias. Ao contrário do que alguem disse, Cristo não foi o "primeiro marxista da História". Cristo não era um político.

Vivemos numa era demasiado materialista, que nos afasta de Deus, que tudo relativiza e que transporta as pessoas para um vazio completo. O pós-modernismo oferece às pessoas niilismo e hedonismo, ao invés de lhes transmitir esperança e uma vida com verdadeiro sentido.

As pessoas procuram a felicidade na satisfação dos prazeres terrenos e na obtenção de riquezas e bens materiais. Por exemplo, a nossa sociedade divinizou a relação amorosa, a ponto de a maioria das pessoas canalizar para ela todas as suas esperanças de felicidade. Outros procuram-na na obtenção de riquezas, no sexo, na aquisição de "status", na fama, etc. Agir desta forma significa procurar "ídolos" - no sentido que o Antigo Testamento dá ao termo - que nos afastam de Deus e que nos escravizam, ao invés de nos libertar.

E o Homem liberta-se sempre que se vira para Deus, pois só aí se assume na sua plenitude. Enquanto escravo dos prazeres e das paixões, o Homem perde a sua autonomia. Mas quando se volta para Deus, torna-se completamente livre, pois o mundo e os seus males não mais o podem afectar, além de que Deus nos fez para sermos livres.

Se, enquanto cristãos, acreditamos que a vida que realmente interessa não é esta pobre existência terrena, mas sim a que há de vir, então nada temos a temer. E a taxa de alfabetização, a esperança média de vida ou os outros confortos enunciados por Ana Vicente são importantes, mas não mais do que realmente são. Evidentemente, isto não é fácil de entender e muito menos de assimilar. Todavia, o Cristianismo é uma religião de ruptura, que será tudo menos fácil.

Creio que cada um deve poder viver como bem entender, desde que não prejudique a liberdade dos outros; mas penso que dos Cristãos se espera que dêem testemunho da sua fé no Ressuscitado, através de actos e palavras. A evangelização é isso mesmo: dar testemunho.

O Cristianismo é muito mais do que um mero "wishfull thinking" ou do que uma crença num mundo melhor; ser cristão implica entrega total, ir contra a corrente se necessário, aceitar o sacrifício se este nos for pedido, perdoar a quem nos faz mal, ser fiel à verdade, ainda que tal nos prejudique, e praticar o Bem.

FOGOS FLORESTAIS Como é hábito nesta altura do ano, sucedem-se as reportagens sobre os fogos florestais. As atenções dos media vão para a crónica falta de meios para o combate aos incêndios. E os governantes, mais preocupados em fazer coisas "para inglês ver", multiplicam-se em intervenções televisivas em que anunciam novos autotanques e aviões, bem como penas mais pesadas para os incendiários... como se isso resolvesse alguma coisa. Do lado da oposição, por seu turno, ouvem-se as habituais acusações a respeito da falta de meios. O que também é para "inglês ver"...

O problema dos fogos florestais implica duas questões algo esquecidas e até ignoradas por muitos citadinos: primeiro, o facto de as propriedades florestais terem deixado de ser um complemento aos rendimentos das famílias que habitam em zonas rurais ou semi-urbanas. Um pouco por todo o país, centenas de milhar de prédios rústicos encontram-se votados ao mais completo abandono. Como não são regularmente limpas - e antigamente eram-no, porque os materiais combustíveis eram usados na pecuária, na agricultura ou nas tarefas domésticas -, as florestas tornam-se fácil presa das chamas.

Todos nós conhecemos casos de pessoas que, vivendo nas cidades, desconhecem a localização exacta de propriedades florestais que herdaram de familiares há muito falecidos.

A segunda questão a ter em conta em todo este problema, é o facto de a madeira queimada ser adquirida pelas celuloses e pelos madeireiros a preços muito baixos. De facto, são os únicos que lucram com o drama dos fogos florestais.

Como resolver então o problema? Em minha opinião, bastaria coragem política. Creio que a única solução consiste em procurar rentabilizar a floresta que, aliás, é o nosso principal recurso natural. A gestão das propriedades florestais abandonadas pelos respectivos proprietários deveria ser concessionada a uma empresa de capitais públicos e privados. Essa empresa estaria encarregue da limpeza, da exploração económica, da replantação e da vigilância daqueles espaços. Não é por acaso que as áreas menos atingidas pelos fogos são as geridas por empresas e associações de produtores que as rentabilizam.

quarta-feira, agosto 03, 2005

TERRA DA ALEGRIA Durante o mês de Agosto, a TdA encontra-se de férias. Mas disponibiliza uma edição especial sob a forma de uma antologia de textos publicados ao longo de cerca de ano e meio de existência.