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quarta-feira, agosto 10, 2005

FOGOS FLORESTAIS Como é hábito nesta altura do ano, sucedem-se as reportagens sobre os fogos florestais. As atenções dos media vão para a crónica falta de meios para o combate aos incêndios. E os governantes, mais preocupados em fazer coisas "para inglês ver", multiplicam-se em intervenções televisivas em que anunciam novos autotanques e aviões, bem como penas mais pesadas para os incendiários... como se isso resolvesse alguma coisa. Do lado da oposição, por seu turno, ouvem-se as habituais acusações a respeito da falta de meios. O que também é para "inglês ver"...

O problema dos fogos florestais implica duas questões algo esquecidas e até ignoradas por muitos citadinos: primeiro, o facto de as propriedades florestais terem deixado de ser um complemento aos rendimentos das famílias que habitam em zonas rurais ou semi-urbanas. Um pouco por todo o país, centenas de milhar de prédios rústicos encontram-se votados ao mais completo abandono. Como não são regularmente limpas - e antigamente eram-no, porque os materiais combustíveis eram usados na pecuária, na agricultura ou nas tarefas domésticas -, as florestas tornam-se fácil presa das chamas.

Todos nós conhecemos casos de pessoas que, vivendo nas cidades, desconhecem a localização exacta de propriedades florestais que herdaram de familiares há muito falecidos.

A segunda questão a ter em conta em todo este problema, é o facto de a madeira queimada ser adquirida pelas celuloses e pelos madeireiros a preços muito baixos. De facto, são os únicos que lucram com o drama dos fogos florestais.

Como resolver então o problema? Em minha opinião, bastaria coragem política. Creio que a única solução consiste em procurar rentabilizar a floresta que, aliás, é o nosso principal recurso natural. A gestão das propriedades florestais abandonadas pelos respectivos proprietários deveria ser concessionada a uma empresa de capitais públicos e privados. Essa empresa estaria encarregue da limpeza, da exploração económica, da replantação e da vigilância daqueles espaços. Não é por acaso que as áreas menos atingidas pelos fogos são as geridas por empresas e associações de produtores que as rentabilizam.