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quarta-feira, março 23, 2005

PALADINO Na sua edição de 28 de Abril de 1945, na mesma semana em que os exércitos anglo-americano e soviético finalmente se encontraram no coração da Alemanha, o jornal brasileiro "Folha de São Paulo" publicava a seguinte notícia, enviada pelo seu correspondente em Itália:

"ROMA, 27 - Falando pela rádio-emissora desta Capital, o cidadão italiano Senzio Paladino anunciou o início de um movimento unionista italiano, cujo principal objetivo seria propugnar no sentido de que a Itália fizesse parte dos Estados Unidos da América, como seu quadragésimo nono Estado. É de esclarecer-se que o Paladino não é figura política proeminente."

terça-feira, março 22, 2005



ESCREVER A HISTÓRIA A biblioteca da minha universidade contém no seu espólio verdadeiras preciosidades. Exemplo disso é um pequeno livro que lá encontrei recentemente, intitulado “O Grande Feito do Povo Soviético e do Seu Exército”.

Publicado em 1983, o livro narra a história daquilo que os Russos chamam a “Grande Guerra Pátria”, ou seja, a Segunda Guerra Mundial. Da autoria de um tal V. Riabov, Tenente-General do Exército Vermelho, “O Grande Feito do Povo Soviético e do Seu Exército” serve-se da linguagem típica da propaganda soviética da Guerra Fria.

Como documento científico, o livro tem pouco valor: os números são grosseiramente deturpados e muitos factos são omitidos. O regime estalinista é desavergonhadamente glorificado, ao passo que as democracias ocidentais são vistas como quase cúmplices de Hitler. Por exemplo, o Pacto de Não-Agressão assinado entre a Alemanha Nazi e a URSS é apresentado como uma resposta à “traição” do Ocidente, ao mesmo tempo que a partilha da Polónia entre os dois regimes totalitários nem chega a ser referida.

Mas a verdadeira importância deste “O Grande Feito do Povo Soviético e do Seu Exército” reside no facto de nos permitir constatar como, sob a designação de “História” e em nome da ditadura do proletariado, se escreviam e publicavam os maiores disparates. Senão vejamos algumas passagens do livro:

“A fidelidade à política de paz é o traço característico da actividade do Estado Soviético desde a sua fundação, em Outubro de 1917” (pág. 29)

“Como se sabe, no começo de Agosto [de 1945] a aviação americana lançou duas bombas atómicas sobre a população das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Este bárbaro acto que visava amedrontar os povos não desempenhou grande papel na derrota do Japão, que continuou a guerra. Só o fulminante desbaratamento pelas tropas soviéticas das principais forças do exército nipónico na Manchúria obrigou os círculos governantes do Japão a assinar, a 2 de Setembro de 1945, o acto de capitulação inteira e incondicional.” (pág. 165)

“Nisto [na vitória sobre a Alemanha] se revelou plenamente a superioridade da economia socialista planificada (…)” (pág. 177)

“No Ocidente são difundidas fábulas segundo as quais sem a ajuda técnico-material dos EUA e da Inglaterra a União Soviética não teria podido resistir à invasão nazi-fascista. Pura invenção!” (pág. 178)

segunda-feira, março 07, 2005

DESPEDIDA a pedido do Filipe deixo aqui o meu post de despedida. Conforme explico no meu blog trata-se de uma decisão sem um motivo palpável, como foi a decisão de iniciar a minha incursão na blogosfera. Conforme já fiz pessoalmente num email que enviei ao Filipe, deixo aqui o meu pedido de desculpas pela participação limitada no tempo e em número de posts aqui no Respublica. Agradeço ao Filipe o convite que me fez, que se calhar não devia ter aceite (na altura referi as minhas dúvidas...). Sinto no entanto que o Respublica não fica a perder com a minha saída e desejo que continue a crescer.
Irei passando por aqui, mas agora só como leitora, eventualmente deixarei um ou outro comentário.

:))

PARABÉNS Com algum atraso, aqui ficam os meus parabéns ao Marco Oliveira, meu companheiro do Terra da Alegria, pelo 1º aniversário do seu excelente blog Povo de Bahá. Parabéns!


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P.S.: Aproveito ainda para inserir ligação para o novo blog do Marco Oliveira, o Antigamente, que tem como objectivo "divulgar fotos e imagens do tempo dos nossos avós". Inseri ainda links para o Companhia de Moçambique e para o Cartas Portuguesas, dedicados à história do Moçambique colonial e da 1ª República Portuguesa, respectivamente.

HAJA VERGONHA... "Santana Lopes não confirma o regresso à câmara, mas já avisou Carmona Rodrigues que está a pensar seriamente em assumir funções dia 14

O ainda líder do PSD e primeiro-ministro demissionário não vai ocupar o lugar de deputado para que foi eleito nas legislativas do passado dia 20. Santana Lopes já deu a saber a alguns dos seus colaboradores mais próximos essa opção de não assumir o lugar no Parlamento mas não confirma nem desmente que esteja de regresso à presidência da Câmara de Lisboa. Na autarquia, porém, isso já é dado como o cenário mais provável. Ao actual presidente do município lisboeta Carmona Rodrigues, Santana Lopes comunicou que está a pensar seriamente nessa hipótese."


Mas este homem não tem vergonha nem respeito pelo eleitorado?

PERCURSOS À primeira vista, o percurso político de Diogo Freitas do Amaral pode parecer incoerente. Como escrevia há dias um editorialista da nossa praça, não se pode esperar permanecer "impune" quando se passa da Câmara Corporativa para as manifestações anti-Bush. No entanto, a sua evolução ideológica parece mais coerente que a do partido por si fundado, o CDS.

O CDS é um partido que em tempos foi de "centro", passando depois para a Direita; é também um partido que ainda há poucos anos se assumia como nacionalista e anti-europeísta, mas que mais tarde se converteu. Além disso, é a única força política com assento parlamentar que "rompe" sucessivamente com os anteriores líderes (Freitas do Amaral, Lucas Pires, Manuel Monteiro...), reiventando-se a cada nova direcção. Não tem, por isso, grande moral para apontar o dedo às "incoerências" dos outros.

Quanto ao Prof. Freitas do Amaral, não parece que o que ele hoje defende seja diferente do que defendia há 20 anos. O mundo mudou, os partidos mudaram, e as definições de Direita e Esquerda também. Mas o Prof. Freitas defende exactamente o mesmo que advogava há duas décadas. Não foi ele que virou à Esquerda; as pessoas que em tempos o rodeavam é que deslizaram para a Direita.

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P.S.: Winston Churchill é uma das figuras mais reverenciadas pela Direita, incluindo vários dirigentes do CDS (pelo menos, a avaliar por algumas entrevistas que li ou a que assisti nos últimos anos). Esta admiração por Churchill tornou-se ainda mais visível aquando da polémica em torno da invasão do Iraque, altura em que o estadista britânico foi inúmeras vezes citado ou referenciado publicamente por diversas personalidades ligadas ao PSD e ao CDS. Ora estes senhores, que tanto admiram Churchill e que ao mesmo tempo criticam Freitas do Amaral, deviam saber que o próprio Churchill mudou de partido duas vezes: no início do século XX, abandonou o Partido Conservador para não ser forçado a "continuar a dizer coisas idiotas", ingressando no Partido Liberal - no seio do qual defendeu medidas então consideradas de Esquerda, como a criação de um sistema de pensões para os idosos, embora ele não fosse socialista. Trinta anos depois, porém, regressou ao Partido Tory. Os grandes homens são assim: ousam pensar pela própria cabeça. Umas vezes por orgulho ou vaidade, outras por lucidez.