SOL O jornalista
Carlos Narciso (entre outras coisas, ex-SIC, ex-TSF, ex-TV TOP), compreendeu mal um comentário inofensivo que deixei num
post seu. Nesse texto, o dito senhor insinuava que o
Semanário Sol aposta em mão de obra barata. No meu comentário, limitei-me a dizer que isto não é verdade, até porque o Sol oferece melhores condições salariais que a maioria dos órgãos de comunicação social portugueses. Mesmo no caso dos estagiários, o que, num país em que se usa e abusa dos jovens recém-licenciados, é digno de louvor.
Foi o bastante para que Narciso me respondesse com um
eloquente post em que me acusa de me "vangloriar" do meu ordenado "soberbo" (!?). E em que me critica por não me "indignar" pelo facto de os "aprendizes" do Sol ganharem mais do que muitos profissionais com anos de experiência. Entre outras coisas, refere que quem tem menos de dois anos de profissão não devia ser autorizado a "falar", mas sim limitar-se a "escutar". Disse também que eu estava "irado" com o seu post, o que, até então, não era verdade.
Antes de continuar, devo dizer que tenho o maior respeito pelo trabalho de Carlos Narciso. É um excelente profissional, e longe de mim querer
armar-me ao pingarelho com uma velha glória do jornalismo indígena. Mas além de ter compreendido mal o meu comentário, Narciso não tem razão no que escreve sobre o Sol, nem tão pouco nas características e intenções que me imputa.
Que eu saiba, os ordenados auferidos pelos estagiários do Sol não são "soberbos". São justos. E da mesma forma que fico indignado com o facto de muitos profissionais de outros órgãos ganharem menos que os estagiários do Sol, fico contente por haver um jornal que paga ordenados decentes aos seus jovens jornalistas. Ordenados de gente. Ordenados que dão para viver. Ordenados que lhes permitem serem autónomos. Pena que Carlos Narciso não fique contente com isso. Por um lado, critica os órgãos que pagam ordenados baixos aos seus jornalistas. Por outro, critica os jornalistas que recebem ordenados decentes. Como explicar isto?
No referido post, e de modo quase paternal, o jornalista aconselha-me a não ter "ilusões". Pois bem, senhor Carlos Narciso, embora sendo apenas um reles "aprendiz" sem direito a "falar", a vida ensinou-me já muitas coisas. Não tenho ilusões, mas descanse: se um dia as tiver, hei de seguir o seu exemplo e criar um blog para, entre outras coisas, recordar as ilusões dos anos de ouro. Deixo aqui essa promessa de pôr a
escrita em dia.
E saberemos em breve se a Páscoa será "cruel" para os jornalistas do Sol, com os tais sacrifícios de "carneiros" que Carlos Narciso refere. Se bem me recordo, ainda não há muito tempo dizia-se que este Natal seria cruel para a malta que trabalha no Sol... agora já é a Páscoa... o que será depois?
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P.S.: Carlos Narciso deposita pouca confiança na equipa do "Sol". Segundo diz, porque é constituída em grande parte por "jovenzitos empolgados". Ora no dia 16 de Setembro, dia em que saíu a primeira edição do Sol, Narciso escrevera o seguinte
post no
blog que mantém no
site do Sol:
«Estava cheio de curiosidade para ver este nascer do Sol. Reconheço que me surpreendeu. Está um belo jornal e, se continuar assim, vai esturricar o Expresso. Tem várias novidades absolutas, pelo menos para mim. Uma é o logotipo... que muda de cor consoante a estação do ano. É uma ideia muito interessante e reveladora do espírito de inovação que este grupo de trabalho parece acarinhar. Outra novidade é uma curiosa simbiose entre noticiário mais e menos ortodoxo, ou seja, a inclusão de um tom mais ligeiro, textos mais curtos, mantendo qualidade jornalística no tratamento das notícias»Gostava apenas de acrescentar que a composição da equipa do "Sol" era já conhecida no dia 16 de Setembro. O facto de ser uma equipa jovem foi muito falado na altura. Por isso, e tendo em conta o texto acima transcrito, a que se deveu esta mudança de opinião sobre a capacidade dos jornalistas do "Sol", por parte de Carlos Narciso?