TIMOR É curioso como a comunicação social portuguesa nunca consegue ser objectiva a respeito de Timor. Durante anos, passou-se uma esponja sobre os crimes cometidos durante a guerra civil de 75/76, que abriu as portas à invasão indonésia. Depois foram os tempos da resistência ao ocupante, em que os media portugueses não se coibiram de empolar, exagerar ou até deturpar informações, sempre em nome da causa maubere. E mesmo agora, que assistimos à luta fratricida que ameaça destruir Timor independente, a comunicação social portuguesa não perdeu tiques velhos de décadas. Com notáveis excepções, a enfâse dos nossos enviados especiais é sempre colocada no "drama humanitário" e na presença dos bravos portugueses que vêem repôr a paz, sempre com aquele tom paternalista de quem alivia a consciência e se acha mais puro que os grandes deste mundo (a propósito, em Timor também nós somos "grandes").
É preciso ler a imprensa australiana para conhecer a outra dimensão do problema, bem como a imagem que os australianos e os timorenses têm de nós. Por exemplo, os media australianos dizem que é Portugal quem mantém Mari Alkatiri no poder, justificando esse apoio com o interesse de empresas portuguesas no petróleo de Timor. Porque é que isto não se discute em Portugal? Porque é que subsiste uma espécie de véu ideológico ou consenso nacional-porreirista sobre tudo o que diga respeito a Timor?
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P.S.: Aqui fica um artigo de um site australiano da chamada esquerda alter-global. Inclinações políticas à parte, parece fazer uma análise lúcida sobre a competição entre Portugal e a Austrália. A minha questão é: porque é que não se fala disto em Portugal?
«Having established an army of occupation in East Timor, the Australian government is engaged in ongoing political warfare on several fronts to ensure its predominance over the half-island. In the United Nations, Australian diplomats are pressing to ensure that Canberra retains control over any new UN mission. As part of this offensive, the Australian media is conducting an unrelenting campaign against Prime Minister Mari Alkatiri, who is regarded as too close to rival Portugal and thus an obstacle to Australian interests. Murdoch’s Australian has again outlined the agenda most openly. In a comment on Saturday, foreign affairs editor Greg Sheridan argued that while other countries needed to contribute to the reestablishment of a police force in East Timor, Canberra had to retain overall control. “The UN Security Council is considering East Timor and its future policing requirements right now. It is a vital task for Australian diplomacy to get the form of this right,” he stated.
Sheridan declared it was vital that “Australian do the job alone” in police training. “The UN in Timor has been a route to confusion and dysfunction. In particular it has been a route to Portuguese influence, a baneful business indeed.” Early this month, Sheridan branded Portugal as “Australia’s diplomatic enemy in East Timor” and identified Alkatiri as “the key to their influence”.»
É preciso ler a imprensa australiana para conhecer a outra dimensão do problema, bem como a imagem que os australianos e os timorenses têm de nós. Por exemplo, os media australianos dizem que é Portugal quem mantém Mari Alkatiri no poder, justificando esse apoio com o interesse de empresas portuguesas no petróleo de Timor. Porque é que isto não se discute em Portugal? Porque é que subsiste uma espécie de véu ideológico ou consenso nacional-porreirista sobre tudo o que diga respeito a Timor?
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P.S.: Aqui fica um artigo de um site australiano da chamada esquerda alter-global. Inclinações políticas à parte, parece fazer uma análise lúcida sobre a competição entre Portugal e a Austrália. A minha questão é: porque é que não se fala disto em Portugal?
«Having established an army of occupation in East Timor, the Australian government is engaged in ongoing political warfare on several fronts to ensure its predominance over the half-island. In the United Nations, Australian diplomats are pressing to ensure that Canberra retains control over any new UN mission. As part of this offensive, the Australian media is conducting an unrelenting campaign against Prime Minister Mari Alkatiri, who is regarded as too close to rival Portugal and thus an obstacle to Australian interests. Murdoch’s Australian has again outlined the agenda most openly. In a comment on Saturday, foreign affairs editor Greg Sheridan argued that while other countries needed to contribute to the reestablishment of a police force in East Timor, Canberra had to retain overall control. “The UN Security Council is considering East Timor and its future policing requirements right now. It is a vital task for Australian diplomacy to get the form of this right,” he stated.
Sheridan declared it was vital that “Australian do the job alone” in police training. “The UN in Timor has been a route to confusion and dysfunction. In particular it has been a route to Portuguese influence, a baneful business indeed.” Early this month, Sheridan branded Portugal as “Australia’s diplomatic enemy in East Timor” and identified Alkatiri as “the key to their influence”.»