respublica

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

PREOCUPANTE Muito se poderia dizer sobre as eleições de ontem - a derrota do populismo santanista, a falta de ombridade de Santana ao recusar demitir-se, a vitória "esmagadora" do Bloco (só não percebo quem é que eles "esmagaram", sendo ainda a quinta força política e não a terceira, como pretendiam vir a ser), o "cheque em branco" passado ao PS, etc, etc -, mas que outros mais "sabedores" se pronunciem.

No entanto, não posso deixar de reparar que, apesar de a votação dos "partidos de Esquerda" equivaler a cerca de dois terços do total de votos expressos, tal não significa que 65% dos portugueses sejam agora de Esquerda. O PS perdeu votos para o BE e para a CDU - de eleitores desiludidos com Sócrates ou com receio de uma maioria absoluta do PS -, ao mesmo tempo que conquistou votos ao centro e no centro-direita. Ou seja, entre os sociais-democratas que não se revêem na liderança do Guerreiro Menino.

Assim, parece-me óbvio que o PS conseguiu a sua primeira maioria absoluta não por mérito próprio, mas pela repulsa que a figura de Santana provoca em grande parte do eleitorado tradicional do PSD. Vejo por isso com grande receio e estupefacção a forma como grande parte do PSD se agarra ao líder, como ele justificando a derrota com a governação de Barroso ou com o complot organizado contra a sua pessoa, por parte de eminentes corrilegionários, dos media, das empresas de sondagens e de todos esses "invejosos" que dizem mal de Pedro Santana Lopes. O PSD prepara-se para trilhar o caminho do suicídio.

O Guerreiro Menino naufraga, mas ameaça levar com ele um partido fundador da nossa democracia. E tudo em nome do seu ego.