A ERA DE CÉSAR Até à promulgação de uma lei por D. João I, a 22 de Agosto de 1422, adoptando a Era Cristã, em Portugal os anos contavam-se pela Era de César, também chamada Era Hispânica.
A Era de César, a que as inscrições nos antigos monumentos religiosos e os textos dos concílios das Espanhas (das quais o Arcebispo de Braga é ainda o Primaz) fazem frequentes menções, começou a contar-se a partir do ano 715 da Fundação de Roma, ou seja, 38 anos e 11 dias antes da nossa Era. Desconhece-se a efeméride a partir da qual se iniciou, mas pensa-se que a adopção deste método de contagem dos anos pretendesse consagrar o reconhecimento da autoridade de Caio Júlio César Octaviano (o futuro imperador Augusto), na Península. Recorde-se que, durante o ano anterior (39 a.C.), o Triúnviro tinha empreendido uma vitoriosa campanha na Hispânia.
A Era de César começou a ser abandonada lentamente; pouco a pouco, deixou de ser usada para datar os documentos e monumentos. E é precisamente pelas inscrições que ainda se conservam, em Igrejas e outros edifícios, que constatamos o seu abandono gradual: na Catalunha foi abandonada por volta do ano 1180; em Navarra deixou de ser referida em 1234, em Aragão em 1350 e em Valência em 1358. Por seu turno, em Castela e Leão vigorou até às cortes de Segóvia (1387), nas quais o rei João I ordenou que doravante se contassem os anos pela Era de Cristo. Refira-se, não obstante, que até ao início do século XVII o uso da Era Cristã não se generalizou por completo em todo o território da Península.
Em Portugal, como acima referi, a Era de César foi substituída pela de Cristo no reinado de D.João I, por lei de 22 de Agosto de 1422.
Assim sendo, e recorrendo a métodos de outros tempos, poderíamos dizer que actualmente estamos no ano 2043 da Era de César, ou Era Hispânica.
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