respublica

segunda-feira, setembro 13, 2004



ESQUERDA Vs. DIREITA (III) Como me definir então, do ponto de vista político e ideológico? Penso que a distinção entre esquerda e direita faz cada vez menos sentido. E porquê? Porque assenta numa visão maniqueísta do mundo, como se de um lado estivessem os "bons" e a "verdade", e do outro os "maus" e a "mentira". Ainda segundo esse ponto de vista, os "bons" são sempre "bons" e os "maus" são sempre "maus". Ora a vida não é a preto e branco; vê-la por essa lente é pensar de forma extremamente redutora.

Correndo o risco de parecer um "ser híbrido", definir-me ia como um partidário da livre-iniciativa e do sistema capitalista, mas sem que o Estado perca o seu papel regulador. Ou seja, acredito que tudo deve ter a sua correcta medida: mercado livre, mas equilibrado; Estado regulador, mas intervindo apenas se necessário ou para prevenir crises. E, principalmente, o Estado deve procurar fazer com que exista o menor número possível de pessoas excluídas dos benefícios do sistema capitalista. Com todas as suas inegáveis virtudes, o mercado livre não cria automaticamente a igualdade de oportunidades a que todos os cidadãos têm direito.

Resumindo, sou adepto da "economia social de mercado" e daquilo a que se poderá chamar "centro" político e ideológico. Acredito que tanto na política como na vida (se é que faz sentido tal distinção), deve existir bom senso, equilíbrio, bom gosto, espírito crítico, racionalidade, humanismo, sensibilidade e respeito pelas opiniões dos outros.

Penso que a globalização é benéfica e inevitável - e não tão "inédita" como vulgarmente se pensa -, e que a solução para corrigir os seus desiquilíbrios reside numa maior solidariedade entre os países do Norte e do Sul. Só com uma estreita (e sincera) colaboração entre os países "ricos" e "pobres" se poderão corrigir certos abusos e resolver determinados problemas.

Acredito que é possível conciliar a defesa do meio ambiente com a necessidade de crescimento económico; a solução para os problemas ambientais que afectam o nosso mundo não está na defesa radical e intransigente do "status quo" ambiental - do género "o que está, assim deve permanecer" -, mas numa atitude sensata e equilibrada face às diferentes necessidades que se colocam à nossa vida em sociedade (e um meio ambiente saudável é uma delas...).