respublica

segunda-feira, março 15, 2004

A VITÓRIA DO MEDO Antes de mais, é me pessoalmente indiferente se a Espanha é governada pela a esquerda socialista ou a direita conservadora. A minha única preocupação neste domínio reside em saber qual das duas será melhor para Portugal… e, sinceramente, creio que é indiferente. E isto quer se trate da política europeia quer do que diz respeito às relações transatlânticas. Se o PSOE se voltasse para o eixo franco-alemão, Portugal ganharia peso político-diplomático em Washington. Mas não acredito que o governo Zapatero siga esse caminho, independentemente da retórica entretanto empregue para aplacar certos sectores anti-americanos da sociedade espanhola.

Os espanhóis decidiram de forma democrática, e há que respeitar a vontade do povo. Mas independentemente do respeito que as eleições democráticas merecem a qualquer um de nós, creio que seria oportuno reflectir no que significa para a Al Quaeda esta surpreendente vitória do PSOE.

Todos sabemos que o PSOE venceu apenas graças ao atentado. A Al Quaeda conseguiu assim o que mais desejava: forçar a Espanha a abandonar a coligação, através do medo e do terror. As pessoas podem dizer que votaram no PSOE para protestar contra o PP, mas na realidade votaram nos socialistas porque não querem continuar a ser um alvo dos terroristas. Ou seja, foi o voto do medo e do terror. Bin Laden conseguiu, e algures numa qualquer caverna do Paquistão, o patriarca da Al Quaeda deveria estar agora a abrir garrafas de champagne… se o Islão wahabita lhe permitisse beber bebidas alcoólicas, claro.

Além disso, que fará o PSOE no poder? Poderá esquivar-se às suas responsabilidades na guerra contra o terror? Alinhará com a França, transformando-se numa avestruz com o bico molhado em petróleo?