respublica

segunda-feira, março 08, 2004

O MONSTRO O que pensar de um ser como Marc Dutroux? Um homem que torturou, violou e assassinou crianças? Devemos fechá-lo numa cela escura e deitar fora a chave? Devemos condená-lo à morte?

Não consigo imaginar o que faria se um qualquer Dutroux torturasse, violasse e assassinasse uma pessoa da minha família. Provavelmente, desejaria a vingança. Um acto tão odioso libertaria o animal que há dentro de cada um de nós; despertaria a fera indomada que vive oculta debaixo do verniz e da educação que a civilização nos impôs. Sinceramente, não sei o que faria; mas não seria coisa boa, com certeza.

Por isso existe o Estado. Os cidadãos abdicam das suas prerrogativas animais, consagradas pelo Direito Natural, em prol da super-estrutura em que a nossa sociedade se organizou. Cabe ao Estado defender-nos e aplicar a Justiça. É o que recebemos em troca de abdicarmos de determinados direitos. Entre eles, o direito à vingança, à justiça de talião.

Deus nos livre de homens como Dutroux. É que além de mancharem a face da Terra com os seus crimes hediondos, os Dutroux's deste mundo conseguem despertar em nós os maus sentimentos que, para bem de todos, deviam permanecer adormecidos.

Enquanto cristão, só posso desejar que Marc Dutroux se arrependa dos seus crimes e que a prisão o regenere. Que a Justiça seja feita punindo os criminosos, mas que o castigo seja acompanhado pela regeneração das pessoas. E que a Justiça procure consolar os familiares das vítimas. Sem isso, ela ficará por fazer.