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quinta-feira, março 04, 2004

FICÇÃO HISTÓRICA Concordo com o Ricardo Manuel, dos Meninos de Ouro, para quem “(...) infelizmente, as intelectualidades lusas ainda não compreenderam que enquanto os filmes portugueses não forem populares e lucrativos, a sétima arte nacional permanecerá com os seus vícios parasitários dos dinheiros públicos. "Os Imortais" são um dos poucos bons exemplos a seguir - os lucros chegarão um dia. E eu adoraria poder todos os domingos assistir a um bom filme português, em língua portuguesa. Perdi a fé na Velha Guarda, mas espero que as novas gerações sigam um caminho melhor e mais glorioso. O cinema pode e deve ser uma das mais importantes expressões da cultura portuguesa.”

Gostava que em Portugal se apostasse mais na ficção histórica. Aliás, tem sido essa a tendência no resto da Europa, quer se trate de filmes, telefilmes ou séries televisivas. Cada vez mais, o público europeu manifesta interesse pelas questões históricas, quer sejam abordadas em documentários ou em obras de ficção. Desde que não se caia no erro de hollywoodizar a História, adulterando os factos de modo a agradar ao público, os filmes e séries televisivas de época podem desempenhar um importante papel didáctico junto de miúdos e graúdos.

E, de resto, os nossos cineastas não teriam grande dificuldade em construir enredos interessantes para o público. Personagens como D. Afonso Henriques, D. João I, o Condestável Nuno Álvares, Afonso de Alburquerque, D. João V, o Marquês de Pombal, a par de outros vultos da nossa História, seriam excelentes protagonistas de filmes ou séries de época. A luta pela independência, os amores de Pedro e Inês, os acontecimentos de 1383/1385, a longa epopeia dos Descobrimentos, Alcácer Quibir e a crise dinástica de 1580, as guerras da Restauração, etc, podiam e deviam ser transportados para a tela. O cinema português ficava a ganhar, assim como todos nós.