LAICISMO Com a sua (na minha opinião) habitual falta de lucidez, Joana Amaral Dias (JAD) escreveu o seguinte no blog Bichos Carpinteiros:
"Mota Amaral está a preparar um projecto de lei alternativo sobre as alterações ao protocolo do Estado, nomeadamente ao que se refere a afastar a Igreja Católica no protocolo. Lê-se no DN que Mota Amaral argumenta que "O lugar dos membros da Igreja nas cerimónias oficiais não tem a ver com a separação entre o Estado e as igrejas, mas com a História e com o conhecimento da sociedade portuguesa". A mesma justificação que foi dada a propósito do triste preâmbulo da no-limbo-constituição-europeia, e em muitas outras situações. Vale a pena explicar o que é a laicidade ao ex-presidente da AR? Ou que o seu argumento, da história e conhecimento de Portugal, dá azo a legitimar práticas inaceitáveis? Ou mesmo as transformações dessa mesma sociedade?"
Não vejo qual o problema de o Cardeal Patriarca estar presente em cerimónias de Estado. Ou que representantes de outras confissões - judeus, protestantes, muçulmanos -, com presença significativa em Portugal, sejam convidados para este tipo de eventos. A comparência destas figuras não põe em causa a liberdade religiosa de quem quer que seja (que é, afinal, o propósito de qualquer lei sobre o assunto), nem tão pouco implica a não existência de uma efectiva separação entre Igreja e Estado. Pelo contrário, a presença de figuras religiosas em cerimónias de Estado é sinal da sã convivência que, felizmente, hoje existe entre as diferentes confissões e entre estas últimas e o Estado. Não vivemos em 1834 ou em 1910. E por muito que isto incomode certos sectores, as religiões continuam a desempenhar um papel de relevo na nossa sociedade e não há nenhum decreto que as possa "apagar do mapa". Ignorá-las por preconceito ideológico é pura e simplesmente cegueira. E expulsá-las do espaço público, recorrendo a argumentos jacobinos e reaccionários, nada mais é que intolerância. Bem lá no fundo, JAD confunde laicidade com ateísmo de Estado. A República é de todos, incluindo dos crentes.
"Mota Amaral está a preparar um projecto de lei alternativo sobre as alterações ao protocolo do Estado, nomeadamente ao que se refere a afastar a Igreja Católica no protocolo. Lê-se no DN que Mota Amaral argumenta que "O lugar dos membros da Igreja nas cerimónias oficiais não tem a ver com a separação entre o Estado e as igrejas, mas com a História e com o conhecimento da sociedade portuguesa". A mesma justificação que foi dada a propósito do triste preâmbulo da no-limbo-constituição-europeia, e em muitas outras situações. Vale a pena explicar o que é a laicidade ao ex-presidente da AR? Ou que o seu argumento, da história e conhecimento de Portugal, dá azo a legitimar práticas inaceitáveis? Ou mesmo as transformações dessa mesma sociedade?"
Não vejo qual o problema de o Cardeal Patriarca estar presente em cerimónias de Estado. Ou que representantes de outras confissões - judeus, protestantes, muçulmanos -, com presença significativa em Portugal, sejam convidados para este tipo de eventos. A comparência destas figuras não põe em causa a liberdade religiosa de quem quer que seja (que é, afinal, o propósito de qualquer lei sobre o assunto), nem tão pouco implica a não existência de uma efectiva separação entre Igreja e Estado. Pelo contrário, a presença de figuras religiosas em cerimónias de Estado é sinal da sã convivência que, felizmente, hoje existe entre as diferentes confissões e entre estas últimas e o Estado. Não vivemos em 1834 ou em 1910. E por muito que isto incomode certos sectores, as religiões continuam a desempenhar um papel de relevo na nossa sociedade e não há nenhum decreto que as possa "apagar do mapa". Ignorá-las por preconceito ideológico é pura e simplesmente cegueira. E expulsá-las do espaço público, recorrendo a argumentos jacobinos e reaccionários, nada mais é que intolerância. Bem lá no fundo, JAD confunde laicidade com ateísmo de Estado. A República é de todos, incluindo dos crentes.
4 Comments:
Bom regresso! Já não escrevias há algum tempo.
By Fabiano, at sexta-feira, maio 19, 2006 9:42:00 da manhã
Obrigado!
By Gabriel Peregrino, at sexta-feira, maio 19, 2006 12:31:00 da tarde
Precisamente porque a república é de todos é que não deve ser vista como sendo pertença dos crentes ou de uma religião em particular. Apenas o catolicismo romano tem lugar fixo no protocolo de Estado, mas nenhum religião tem direito a esse privilégio e, sendo o estado laico, não deve envergar por oficialidades de culto religioso.
Que a república é de todos, incluindo dos crentes, estamos de acordo. E é precisamente por ser de todos que as confissões do crentes devem estar presentes apenas e só quando nas poucas ocasião que digam respeito a instituição religiosas, em vez de ter um lugar fixo em cerimónias que são do Estado, não da Igreja.
By Héliocoptero, at domingo, maio 28, 2006 3:37:00 da tarde
Acrescente-se: a Abraço, o SOS Racismo, a Comunidade Judaica ou Budista Portuguesa, a ILGA ou a Amnistia Internacional não têm lugar fixo no Protocolo de Estado.
Não é por isso deixam de ser partes importantes da sociedade civil portuguesa ou que a República deixa de ser para todos. A Igreja Católica tem mais que se habituar à ideia de que não é mais que os outros, que num Estado laico e republicano vai receber o mesmo tratamento que todas as outras associações e organizações nacionais. Sem privilégios e sem discriminações negativas.
By Héliocoptero, at domingo, maio 28, 2006 3:45:00 da tarde
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