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segunda-feira, janeiro 16, 2006

A LEI DO GOSTO Em plena campanha eleitoral, passou algo despercebida a aprovação da nova Lei da Rádio, que obriga as rádios a passar entre 25 a 40 por cento de música portuguesa nos programas entre as 07h00 e as 20h00.

Mas que direito tem o Estado de nos obrigar a ouvir música portuguesa? Acaso os portugueses são seres diminuídos intelectualmente, incapazes de ter os seus próprios gostos e de escolher a música que ouvem? Já que estamos numa espiral de absurdo, porque não obrigar as livrarias a vender 40% de livros portugueses, os cinemas a passar 40% de filmes lusos e os supermercados a vender 40% de ovos, frangos, salmões e bifes nativos?

Trata-se de uma inaceitável ingerência do Estado naquilo que jamais lhe competiria fazer num país civilizado: ditar a programação dos orgãos de comunicação social e orientar os gostos dos cidadãos.

Se os nossos artistas querem proteger a cultura nacional e a língua pátria, que façam música de qualidade. Certamente que o público - que não é "burro" nem precisa de tutores iluminados que lhe oriente o gosto -, saberá apreciá-la devidamente. Leis proteccionistas balofas servem apenas para facilitar a vida aos medíocres, e fazem mais mal do que bem às artes nacionais.