respublica

segunda-feira, dezembro 19, 2005

GERAÇÃO RASCA O Rui Afonso, co-autor do Respublica e meu amigo e colega de curso, escreveu o seguinte no seu blog:

"(...) Acreditarei, a partir de hoje, sempre, que a apelidada (por Vicente Jorge Silva) geração rasca não era a minha. É esta, que grassa pelas universidades, neste momento. Que eu já sabia desprovida de cultura base (muito menos geral). Que eu já sabia desinteressada, mas não tanto (...) E tentarei esquecer que a universidade de que (ainda) faço parte está cheia de mentecaptos, para não ter que recorrer a palavras menos próprias (para o blogue) mas apropriadas (para os visados)."

Estou completamente de acordo com o Rui. E a título de exemplo, recordo-me que a maioria dos meus colegas (alguns com médias de 15, 16 e 17 valores) achava muito estranho o facto de eu ter o hábito de ir à biblioteca da universidade requisitar livros para ler em casa. Para a esmagadora maioria dos estudantes universitários, as bibliotecas são para estudar durante as épocas de exame e não para consultar e requisitar livros pelo simples prazer de ler. Quem assim age é olhado como um excêntrico, na melhor das hipóteses, ou um "marrão", na pior delas (como nunca fui o "marrão" típico, espero ter ficado rotulado como excêntrico...).

Creio que este simples facto demonstra o nível cultural da maioria dos estudantes universitários.

Pode parecer exagero da minha parte, mas a verdade é que se estão a formar gerações de doutores e engenheiros que em muitos casos nunca leram um único livro (!), o que é extremamente preocupante. E os hábitos de leitura da maioria daqueles poucos que ainda vão lendo alguma coisa, ficam-se por Dan Brown's e afins, ou então pelas obras de leitura obrigatória no ensino secundário e em alguns cursos de Letras.

E interrogo-me como é que um jovem professor poderá incutir nos seus alunos o gosto pela leitura, quando ele próprio é ignorante como uma besta de carga?