DISTORÇÕES Chamou-me a atenção um artigo denominado “Distorções”, assinado pela jornalista São José Almeida (SJA) na edição do “Público” de 10 de Dezembro.
No seu texto, SJA insurge-se contra aquilo que considera ser o desrespeito dos preceitos constitucionais sobre a laicidade do Estado. SJA dá como exemplo a presença de altos representantes da Nação numa missa “privada” (sic) e de “homenagem” (sic) a Francisco Sá Carneiro e a Adelino Amaro da Costa.
Antes de mais, não existem missas “privadas” nem tão pouco de “homenagem” a quem quer que seja. Dizer o contrário é que é uma verdadeira “distorção”, que calculo seja própria de alguém completamente ignorante em questões de religião.
Sá Carneiro e Amaro da Costa eram católicos; será por isso natural que uma cerimónia em sufrágio das suas almas conte com a presença de pessoas que lhes fossem próximas, bem como de representantes do Estado que com tanta dedicação serviram. Não há mal algum nisso; da mesma forma que o Presidente da República vai a jogos de futebol, a espectáculos e a outros eventos culturais e sociais, porque não poderá comparecer a cerimónias religiosas? Parece-me que os únicos que se ofendem com isso são os fanáticos anti-clericais, que julgam viver ainda em 1910, no tempo em que os “cientistas” republicanos mediam os crânios dos “degenerados” jesuítas para provar a sua irracionalidade e inferioridade intelectual.
Aliás, é curioso que este tipo de reacções histéricas surgem apenas quando se trata da Igreja Católica, pois nunca ouço coisas deste género quando Jorge Sampaio participa em cerimónias judaicas, muçulmanas ou hindus. É a velha história do politicamente correcto e seus paradoxos: por exemplo, contar anedotas sobre negros e gays é condenado socialmente, mas dizer mal dos católicos é fashion e cai bem.
Porquê esta maneira doentia de ver a religião por parte de tanta gente, alicerçada nos mais bafientos preconceitos e na mais evidente ignorância, como se comprova pelos disparates escritos por SJA?
Não se pode remeter a religião para a esfera do privado, como diz SJA. Os católicos e crentes das demais religiões têm o direito de viver a sua fé de forma pública (o que não significa, concordo, que os edifícios do Estado devam ostentar símbolos religiosos). A religião faz parte da identidade das pessoas e ninguém deve ser obrigado a escondê-la, por muito que isso incomode os anti-clericais fundamentalistas...
A verdade é que as leis de separação entre Igreja e Estado e da liberdade religiosa são cumpridas em Portugal: hoje em dia, a nenhum cidadão português é negado o direito a professar ou não uma fé. A verdade é que já ninguém é perseguido ou discriminado em função das suas crenças ou não crenças. Além disso, as diferentes confissões têm relações harmoniosas entre si. E independentemente da filiação religiosa, os portugueses têm sabido viver em concórdia, respeito pela diferença e harmonia.
Além disso, existe de facto separação entre Igreja e Estado. Embora, como é natural, a Igreja Católica continue a ter muita influência (talvez mais até que durante o antigo regime). E é isso que custa a aceitar a muitas pessoas que gostam de dar lições de democracia, mas que no fundo não respeitam o direito à diferença e que não toleram o facto de a Igreja ousar destoar do discurso dominante.
A Igreja tem direito a exprimir os seus pontos de vista e a procurar influenciar a sociedade, da mesma forma que as restantes confissões religiosas, associações, movimentos cívicos e partidos políticos. Democracia é isso mesmo e não uma tirania de um grupelho de “iluminados” que, à sua maneira, acabam por ser tão “tolerantes” como aqueles católicos que há algumas décadas defendiam a proibição da presença de outras religiões no espaço público português.
Na sua crónica, SJA fez também referência às declarações do arcebispo emérito de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, que criticou os resquícios de “republicanismo primitivo” e que disse recusar participar na homenagem a um certo “corifeu” que perseguiu os seus antepassados. SJA insurge-se contra o prelado, espantando-se por o nosso regime permitir este tipo de declarações (mais uma demonstração de tolerância democrática da parte da jornalista)... realmente, onde já se viu, que descaramento, alguém atrever-se a criticar a sacrossanta 1ª República, esse regime de exemplar tolerância! Deixo um conselho a SJA: informe-se bem sobre esse período da nossa História. E talvez então compreenda as declarações do arcebispo.
No seu texto, SJA insurge-se contra aquilo que considera ser o desrespeito dos preceitos constitucionais sobre a laicidade do Estado. SJA dá como exemplo a presença de altos representantes da Nação numa missa “privada” (sic) e de “homenagem” (sic) a Francisco Sá Carneiro e a Adelino Amaro da Costa.
Antes de mais, não existem missas “privadas” nem tão pouco de “homenagem” a quem quer que seja. Dizer o contrário é que é uma verdadeira “distorção”, que calculo seja própria de alguém completamente ignorante em questões de religião.
Sá Carneiro e Amaro da Costa eram católicos; será por isso natural que uma cerimónia em sufrágio das suas almas conte com a presença de pessoas que lhes fossem próximas, bem como de representantes do Estado que com tanta dedicação serviram. Não há mal algum nisso; da mesma forma que o Presidente da República vai a jogos de futebol, a espectáculos e a outros eventos culturais e sociais, porque não poderá comparecer a cerimónias religiosas? Parece-me que os únicos que se ofendem com isso são os fanáticos anti-clericais, que julgam viver ainda em 1910, no tempo em que os “cientistas” republicanos mediam os crânios dos “degenerados” jesuítas para provar a sua irracionalidade e inferioridade intelectual.
Aliás, é curioso que este tipo de reacções histéricas surgem apenas quando se trata da Igreja Católica, pois nunca ouço coisas deste género quando Jorge Sampaio participa em cerimónias judaicas, muçulmanas ou hindus. É a velha história do politicamente correcto e seus paradoxos: por exemplo, contar anedotas sobre negros e gays é condenado socialmente, mas dizer mal dos católicos é fashion e cai bem.
Porquê esta maneira doentia de ver a religião por parte de tanta gente, alicerçada nos mais bafientos preconceitos e na mais evidente ignorância, como se comprova pelos disparates escritos por SJA?
Não se pode remeter a religião para a esfera do privado, como diz SJA. Os católicos e crentes das demais religiões têm o direito de viver a sua fé de forma pública (o que não significa, concordo, que os edifícios do Estado devam ostentar símbolos religiosos). A religião faz parte da identidade das pessoas e ninguém deve ser obrigado a escondê-la, por muito que isso incomode os anti-clericais fundamentalistas...
A verdade é que as leis de separação entre Igreja e Estado e da liberdade religiosa são cumpridas em Portugal: hoje em dia, a nenhum cidadão português é negado o direito a professar ou não uma fé. A verdade é que já ninguém é perseguido ou discriminado em função das suas crenças ou não crenças. Além disso, as diferentes confissões têm relações harmoniosas entre si. E independentemente da filiação religiosa, os portugueses têm sabido viver em concórdia, respeito pela diferença e harmonia.
Além disso, existe de facto separação entre Igreja e Estado. Embora, como é natural, a Igreja Católica continue a ter muita influência (talvez mais até que durante o antigo regime). E é isso que custa a aceitar a muitas pessoas que gostam de dar lições de democracia, mas que no fundo não respeitam o direito à diferença e que não toleram o facto de a Igreja ousar destoar do discurso dominante.
A Igreja tem direito a exprimir os seus pontos de vista e a procurar influenciar a sociedade, da mesma forma que as restantes confissões religiosas, associações, movimentos cívicos e partidos políticos. Democracia é isso mesmo e não uma tirania de um grupelho de “iluminados” que, à sua maneira, acabam por ser tão “tolerantes” como aqueles católicos que há algumas décadas defendiam a proibição da presença de outras religiões no espaço público português.
Na sua crónica, SJA fez também referência às declarações do arcebispo emérito de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, que criticou os resquícios de “republicanismo primitivo” e que disse recusar participar na homenagem a um certo “corifeu” que perseguiu os seus antepassados. SJA insurge-se contra o prelado, espantando-se por o nosso regime permitir este tipo de declarações (mais uma demonstração de tolerância democrática da parte da jornalista)... realmente, onde já se viu, que descaramento, alguém atrever-se a criticar a sacrossanta 1ª República, esse regime de exemplar tolerância! Deixo um conselho a SJA: informe-se bem sobre esse período da nossa História. E talvez então compreenda as declarações do arcebispo.
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