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quarta-feira, setembro 28, 2005

CONSCIÊNCIA Concordo com o post anterior, do Rui Afonso, especialmente quando ele afirma que, infelizmente, muitos jovens consideram "cool" não dizerem "obrigado" ou "se faz favor".

Todavia, penso que mais preocupante que esse abandono de determinadas regras de boa educação será a tendência que muita gente nova (e não só...) tem para ter orgulho em "nunca se arrepender" do que faz. Conheço inúmeras pessoas que se orgulham de não terem "vergonha de nada do que fazem", como se tal fosse sinónimo de uma personalidade forte e segura de si.

A consciência de que se cometeu algo errado é vista como um sinal de fraqueza e uma demonstração de fragilidade. Tal como o arrependimento. E sem este último, também não poderá existir perdão, seja da parte de quem o pede, seja de quem o concede.

Por outro lado, conheço cada vez mais pessoas que se escudam na frase "desculpas não se pedem, evitam-se", como se não fôssemos todos humanos e, por consequência, passíveis de errar.

Neste contexto, a consciência deixa pura e simplesmente de existir; para muitos, o errado não é roubar, mentir, enganar ou trair ("porque o importante é aproveitar a vida"), mas sim o facto de se vir a arrepender desses mesmos erros, pois tal seria encarado como um sinal de fraqueza.

Nada mais errado, porém. A pessoa forte e segura de si é aquela que compreende a natureza humana, que se aceita a si mesmo e aprende com os próprios erros, bem como com os dos outros. E que, por isso mesmo, está disposta a perdoar e a compreender-se a si e aos outros. Isso sim, é fortaleza de carácter.