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segunda-feira, setembro 05, 2005

KATRINA Vital Moreira escreveu hoje, no Causa Nossa:

"Nada melhor para verificar o precioso valor do Estado do que as grandes catástrofes naturais. A responsabilidade pública na degradação e insuficiência das defesas de Nova Orleães contra as águas, bem como a indesculpável demora e ineficiência no socorro da cidade após a catástrofe, mostram os efeitos nefastos das políticas de desinvestimento público em infra-estruturas e no serviço público de protecção civil. A principal tarefa de toda a colectividade política organizada - a que chamamos Estado - sempre foi a segurança dos seus membros. A lição do furacão Katrina é a de que o "Estado mínimo" pode ser sinónimo de segurança mínima."

Com todo o respeito que a figura de Vital Moreira me merece, acho extremamente redutor ver no Katrina um pretexto para este tipo de discussões. Antes de mais, porque nenhum país do mundo, por mais rico e poderoso que seja, estaria à altura de enfrentar com 100 por cento de êxito uma tempestade daquelas dimensões. Para termos uma ideia do problema, o furacão afectou uma área semelhante à da Grã-Bretanha. Só o centro da tempestade media quase cem quilómetros de diámetro. Se tivesse ocorrido em Portugal, o nosso país provavelmente desapareceria do mapa... a Baixa de Lisboa, por exemplo, ficaria debaixo de água numa questão de minutos.

Não é, portanto, uma questão de "estado mínimo" vs. "estado social", até porque a função principal do estado liberal - de que os EUA são o maior expoente -, é precisamente a manutenção da ordem e da segurança. Não tenho a menor dúvida que o "estado mínimo" que Vital Moreira refere, os EUA, está melhor preparado para este tipo de situações que a maior parte dos "estados sociais".