respublica

quarta-feira, junho 01, 2005

DEPOIS DA FRANÇA, A HOLANDA rejeitou (a esta hora, apenas as sondagens à boca da urna o confirmam), com 63% dos votos, a Constituição Europeia. Os mais de 50% de holandeses que se dirigiram às mesas de voto contrariaram a tendência dos políticos (cerca de 80% dos parlamentares são a favor da Constituição).

Começa, assim, a lenta agonia daquele que me parecia, embora não perfeito nem completo em absoluto, um documento de suma importância para as estratégias que urgem ser adoptadas em prol da sobrevivência "desta" União Europeia.

Está, desta forma, aberta a porta para uma crise interna, mais ainda se não esquecermos que estes "nãos" provêm de dois dos países fundadores da União. Pior, os "nãos" devem-se mais a problemas de ordem interna destes estados e não, necessariamente, a um completo conhecimento e devidos esclarecimentos do documento em questão (até porque, nestes países, como em Portugal, alguns arautos da verdade suprema pressagiaram uma enormidade de desgraças que adviriam da ratificação da Constituição - que não são, maioritariamente, e bem, acrescente-se, sequer contempladas no documento).

Tencionava votar sim no referendo que, julgo, começa a deixar de ter sentido. O poder do não nestes países (a acrescentar a um potencial "não" a um putativo referendo em Inglaterra) deita por terra todo um trabalho que, repito, embora não perfeito nem completo, foi elaborado a pensar numa Europa a 25, na necessária adopção de novas estratégias. Voltemos, pois, ao Tratado de Nice (consequência da não ratificação deste documento) e às suas falhas e omissões (mais ainda se pensarmos que foi pensado para 15 e não para 25 estados). E tomem-se medidas concretas para que os problemas internos de cada um dos países, os seus nacionalismos e problemas sociais, não possam interferir de forma tão veemente com a Europa enquanto um Todo.