respublica

sexta-feira, maio 20, 2005



FÉ (II) O post anterior, do Filipe, surge na altura exacta, quando todos tentam teorizar acerca da Igreja "Instituição" (mormente os que dela não fazem parte) e ninguém se lembra que a Igreja é, precisamente, isso: Fé. E haverá maior pureza do que essa Fé inquestionável que as "velhinhas beatas" ostentam? Não estão a agredir ninguém, não estão a pedir a ninguém que as acompanhe - estão, tão somente, a agir de acordo com aquilo que são os seus ideais (goste-se, ou não). É interessante, aliás, reflectir sobre este ponto: quando colocamos em causa os ideais de um partido, de uma organização não-governamental (vulgo ONG), de um clube de futebol (também os terá?), enfim, de uma outra qualquer instituição, a resposta, não argumentativa e anti-argumentatória é, invariavelmente, a de que, estando de fora, não nos devemos imiscuir em processos e ideologias internas. Porque insistem, então, os detentores de fés (por vezes bem absurdas) mais mundanas, em criticar, insistentemente, a Igreja Católica? Julgo dever deixar-se a discussão sobre a (não) evolução da Igreja para o foro interno da Instituição, para aqueles que dela fazem parte. Custa-me, aliás, que os arautos da Verdade critiquem, de forma insistente, uma Fé que, pelo menos, se mais não quiserem reconhecer, tem o seu valor histórico, e caiam no erro de defender fundamentalismos, como o islâmico, por exemplo - esse sim, desprovido de toda e qualquer hipótese de diálogo ou discussão, interna ou externa, acerca da sua descontextualização na sociedade global em que vivemos.

Deixem, pois, que a nossa Igreja Católica prossiga o seu caminho, que nós discutamos, entre nós, sobre a sua necessária adaptação à evolução da sociedade. Deixem que as "velhinhas beatas" se martirizem, se assim o entenderem (e relembre-se, aqui, que a Igreja não tem orientações ideológicas nesse sentido), já que não passa de auto-flagelação (estará para vir o dia em que uma qualquer septuagenária, a caminho de Fátima, faça rebentar os explosivos que traz amarrados à roupa interior por sobre um qualquer grupo de esquerdistas radicais). Assim sendo, o espaço à discussão está aberto... entre nós.

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PS - Para que dúvidas não restem, não existe qualquer cegueira seguidista (gostei deste encadeamento de sons) entre nós. Muito pelo contrário, o Filipe Alves e eu, católicos convictos e assumidos, protagonizamos, não poucas vezes, acesos debates sobre o tema. Em suma: nós podemos.