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quarta-feira, abril 27, 2005



ABRIL Trinta e um anos depois da Revolução dos Cravos, quantos portugueses são realmente democratas?

Perdoem-me o pessimismo, mas tenho a sensação de que se hoje vivemos num regime político democrático, tal deve-se apenas ao facto de a democracia e a liberdade terem triunfado na Europa, e de as ditaduras não serem mais toleradas no Velho Continente.

Não creio que o português comum seja um genuíno democrata. Muitos não querem saber da coisa pública, e outros tantos aceitariam de bom grado a imposição de um qualquer regime totalitário, de esquerda ou de direita, desde que tal fosse de encontro aos seus interesses, ou que simplesmente não os pusesse em causa. Quantos empresários - e não só - acolheriam de braços abertos o regresso do proteccionismo salazarista!

Uma sociedade que vive da troca de favores, do clientelismo, das "cunhas", do "desenrasca" e da subsidiodependência não é genuínamente livre e democrática. Por exemplo, quantos portugueses aceitam com naturalidade a manipulação dos media! Até na imprensa universitária encontramos casos de censura!

Longe de se tratar de meros casos isolados, tudo isto reflecte o drama de um povo que não compreende o que é a liberdade, e que por isso não a aprecia. Também nisto não se cumpriu Abril.