respublica

segunda-feira, janeiro 24, 2005

PRIVADOS VÍCIOS, PÚBLICAS VIRTUDES... Poderemos exigir aos nossos políticos uma absoluta coerência entre a sua vivência privada e aquilo que defendem publicamente? Enquanto estudante de jornalismo, esta é uma questão que não posso deixar de colocar. Recordo sempre a clássica situação do político moralista que na intimidade faz exactamente o contrário daquilo que prega. Deverão os media, caso estejam por dentro dessa incoerência, revelar a verdade sobre este político?

Em minha opinião, sim, uma vez que foi o próprio político que, com as suas atitudes, trouxe à baila o que se passa no seu foro íntimo, ao arvorar-se em inquisidor da moral alheia. Mas não me parece correcto, em meu entender, que um jornal investigue a vida privada de um político que não se faça de moralista.

Por outro lado, sou completamente contra a evocação da moral privada no debate político. Os populismos, quer de esquerda quer de direita, alimentam-se deste tipo de recursos. Se fulano é bom pai de família, então dará um bom governante; se sicrano não tem filhos, então não pode falar sobre o aborto...

________________________________

P.S.: estava a pensar escrever um post sobre a toxicodependência mas, como nunca me droguei, achei melhor não o fazer. Não fosse aparecer por aqui um qualquer Louçã, a inquirir que moral tenho para falar sobre a matéria!

P.S.S.: No domínio do aborto, a alusão à "moral privada" de Portas, por parte de Louçã & Acólitos, só faria sentido se Paulo Portas tivesse, por exemplo, ajudado à realização de um aborto. Ou seja, se tivesse feito em privado aquilo que condena em público.