O ATEÍSMO “CONFESSIONAL” Por motivos óbvios, está fora de questão discutir aqui a existência ou não de um Deus Criador (ou uma Deusa Criadora, uma vez que Deus é também Mãe, e não apenas Pai).
É uma questão de fé e nada mais. Há quem a tenha, e quem a não tenha. E não acredito que alguém seja mais inteligente por a ter, ou vice-versa; daí que considere como intolerantes aqueles que se intitulam senhores da verdade, considerando-se superiores aos que não pensam como eles. E isto aplica-se a crentes e não crentes. Acho que devemos ter a humildade de reconhecer que é tudo um grande mistério, que nada nem ninguém consegue explicar totalmente. Quer a Fé, quer a Ciência, não conseguem descobrir a verdade absoluta. E embora cada um tenha a sua crença – que aceitamos como a mais plausível e próxima da verdade – todos temos as nossas dúvidas interiores, que mais não são que a consciência e a certeza da nossa frágil humanidade. Se tudo soubéssemos, seríamos Deuses.
O André Esteves, do Diário de uns Ateus, escreveu o seguinte no meu sistema de comentários:
“(...) No entanto, todas as religiões se baseiam na construção de uma identidade, e o acto de extracção dessa identidade de um substrato social inicial é sempre doloroso e baseia-se mais no ódio e no sentido de diferença do que no amor.”
Concordo, evidentemente. A identidade constrói-se sempre em função da diferença, e muitas vezes no ódio. E isto aplica-se a religiões, ideologias, raças, culturas, nacionalidades, etc. Daí a necessidade de respeito e tolerância pela diferença para que, em paz, e na maior harmonia possível, possamos conviver uns com os outros.
Mas isto remete-nos para outra questão: então e aqueles ateus que se organizam em associações, que fazem propaganda ateísta com o intuito de converter a Humanidade à sua (des)crença? Não agem eles como uma religião instituída? Não pretendem eles intervir na sociedade, com a mesma avidez que censuram aos líderes religiosos?
Claro que, se toda a gente se convertesse ao ateísmo, esbater-se-iam as diferenças entre as pessoas, no que à religião diz respeito. Acabaria essa “identidade baseada no ódio e no sentido da diferença”. Mas o mesmo aconteceria se toda a gente se convertesse ao catolicismo ou ao islamismo... não é verdade?
De tudo isto tiro duas ilações: primeira, que o ateísmo “confessional” acaba por se comportar exactamente da mesma forma que as religiões que combate, organizando-se e construindo uma identidade própria, também ela baseada no “sentido da diferença” (e, por vezes, no ódio); segunda, que o ateísmo “confessional” pretende impôr-se na sociedade, fazendo prosélitos e convertendo todo o mundo à sua doutrina... tal como as grandes religiões monoteístas.
É uma questão de fé e nada mais. Há quem a tenha, e quem a não tenha. E não acredito que alguém seja mais inteligente por a ter, ou vice-versa; daí que considere como intolerantes aqueles que se intitulam senhores da verdade, considerando-se superiores aos que não pensam como eles. E isto aplica-se a crentes e não crentes. Acho que devemos ter a humildade de reconhecer que é tudo um grande mistério, que nada nem ninguém consegue explicar totalmente. Quer a Fé, quer a Ciência, não conseguem descobrir a verdade absoluta. E embora cada um tenha a sua crença – que aceitamos como a mais plausível e próxima da verdade – todos temos as nossas dúvidas interiores, que mais não são que a consciência e a certeza da nossa frágil humanidade. Se tudo soubéssemos, seríamos Deuses.
O André Esteves, do Diário de uns Ateus, escreveu o seguinte no meu sistema de comentários:
“(...) No entanto, todas as religiões se baseiam na construção de uma identidade, e o acto de extracção dessa identidade de um substrato social inicial é sempre doloroso e baseia-se mais no ódio e no sentido de diferença do que no amor.”
Concordo, evidentemente. A identidade constrói-se sempre em função da diferença, e muitas vezes no ódio. E isto aplica-se a religiões, ideologias, raças, culturas, nacionalidades, etc. Daí a necessidade de respeito e tolerância pela diferença para que, em paz, e na maior harmonia possível, possamos conviver uns com os outros.
Mas isto remete-nos para outra questão: então e aqueles ateus que se organizam em associações, que fazem propaganda ateísta com o intuito de converter a Humanidade à sua (des)crença? Não agem eles como uma religião instituída? Não pretendem eles intervir na sociedade, com a mesma avidez que censuram aos líderes religiosos?
Claro que, se toda a gente se convertesse ao ateísmo, esbater-se-iam as diferenças entre as pessoas, no que à religião diz respeito. Acabaria essa “identidade baseada no ódio e no sentido da diferença”. Mas o mesmo aconteceria se toda a gente se convertesse ao catolicismo ou ao islamismo... não é verdade?
De tudo isto tiro duas ilações: primeira, que o ateísmo “confessional” acaba por se comportar exactamente da mesma forma que as religiões que combate, organizando-se e construindo uma identidade própria, também ela baseada no “sentido da diferença” (e, por vezes, no ódio); segunda, que o ateísmo “confessional” pretende impôr-se na sociedade, fazendo prosélitos e convertendo todo o mundo à sua doutrina... tal como as grandes religiões monoteístas.
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