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domingo, janeiro 25, 2004

A UNIÃO IBÉRICA A entrevista de José Manuel de Mello ao Expresso caiu como uma bomba: um dos mais influentes empresários portugueses, com acesso privilegiado aos corredores do poder antes e depois da Revolução, manifesta-se a favor da união ibérica. É curioso lembrar que as élites económicas portuguesas sempre foram a favor da união com Espanha, como sucedeu em 1383 e em 1580, na esperança de virem a ganhar com isso. Mas quando tal não acontece, quando os nossos nobres se apercebem que têm mais a ganhar com a independência, empreendem revoltas como a de 1128 ou golpes palacianos como o de 1640.

Compreendo no entanto que se possa pensar numa união com Espanha, especialmente tendo em conta a classe política que temos. Ou tendo em conta os empresários que temos - a quem o velho magnata também não poupa críticas. Talvez Portugal não seja realmente um país viável. Talvez os ultras do antigo regime tivessem razão ao dizer que o Império era essencial para mantermos a nossa identidade e autonomia. Todavia, e independentemente destas considerações pragmáticas, não me agrada a ideia de voltar ao domínio espanhol. Antes sermos o país mais pobre da União Europeia, que a província mais pobre da União Ibérica.