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terça-feira, setembro 16, 2003

O DERRUBE DE KUMBA YALA já se esperava há muito. O ex-presidente guineense, embora tenha sido eleito há três anos por uma expressiva percentagem de 72 % dos votos, cedo demonstrou não estar à altura das responsabilidades. Para além de seguir políticas ineficazes ou mesmo desastrosas - num país em que o rendimento per capita anda à volta de 160 euros - Kumba Yala tornou-se internacionalmente célebre pelos seus comentários absurdos, já para não falar do seu inseparável barrete vermelho...

No entanto, não posso concordar com o derrube de um presidente eleito democraticamente, por muito incompetente e por muitos tiques ditatoriais que este possua. Numa democracia, não há nada mais desaconselhável que o recurso ao "putch" militar. Esperemos que o novo auto-proclamado "presidente-interino", mais um veterano do PAIGC, cumpra a promessa de realizar eleições o mais brevemente possível.

Recordo-me que há alguns meses atrás, o então presidente publicou um livro com "pensamentos filosóficos". Pelos excertos publicados na imprensa, deu imediatamente para ver que o dito livro "filosófico" era apenas um rol de disparates. Num desses pensamentos, Kumba Yala dizia qualquer coisa deste género, se a memória não me atraiçoa:

"Se eu fosse rico, teria um grande carro. Se tivesse um grande carro, teria problemas nas costas. Por isso, prefiro ser pobre".

Suponho que a finalidade desta sentença seria ensinar aos guineenses as virtudes da pobreza, num país em que impera a fome e a miséria.