QUEM CONTA UM CONTO... Dou hoje início à publicação de um conto da minha autoria, intitulado "O Capricho de César". Passa-se no ano 39 da nossa Era e, dada a sua temática, publicá-lo-ei igualmente no "Roma Antiga". A publicação será feita em várias partes. Vejam o que acham e deixem os vossos comentários! Aceitam-se e desejam-se críticas construtivas!
O Capricho de César (I)
Ruminando vagarosamente as ervas secas que devorara, o animal recebia a compensação por um longo dia entre as dunas do deserto. Um númida alto, de tez escura e barba rala disse-lhe qualquer coisa no seu estranho dialecto – o do númida, não o do dromedário -, que fez com que o animal mudasse de poiso e fosse ruminar para alguns passos adiante, junto da água fresca do oásis e sob a protecção dos ramos de uma palmeira seca e encarquilhada.
Caius olhava fixamente a linha do horizonte, onde o quente e rubro sol do deserto encontrava o seu ocaso nas montanhas do Atlas. Um dos caravaneiros, um homenzinho de pele morena e ar dócil, chamou-o educadamente para junto do fogo, acrescentando num grego sofrível que as noites do deserto eram muito frias e que convinha agasalhar-se.
“Que raio de clima o desta região”, pensou Caius para consigo, estranhando aqueles dias de calor abrasador a par de gélidas noites. Tão diferente que era do clima da sua Roma natal, onde apesar das cálidas tardes de Verão, existiam mil e uma fontes onde os cidadãos se podiam refrescar. E, claro, as dezenas de banhos públicos onde os filhos de Quirino podiam ocupar as suas longas horas de ociosidade.
E a noite romana? Que doçura! Com aquela brisa suave! Na sua casa no Esquilino, Caius costumava passar as noites de Verão na varanda, aproveitando a fresca brisa que então soprava dos lados de Óstia. Deitado na sua rede, com as pernas cruzadas e as mãos pousadas sobre o ventre, Caius desfrutava de todos os luxos e comodidades a que um cavaleiro romano tinha direito.
Depois de uma parca refeição que mal lhe aconchegou o estômago, deitou-se numa cama improvisada junto da fogueira e adormeceu rapidamente, envolto em recordações da sua Roma e da vida que provavelmente não voltaria a conhecer. Que seria agora dele, vítima das intrigas dos invejosos, dos caprichos dos poderosos e da sua própria insensatez?
(Continua)
O Capricho de César (I)
Ruminando vagarosamente as ervas secas que devorara, o animal recebia a compensação por um longo dia entre as dunas do deserto. Um númida alto, de tez escura e barba rala disse-lhe qualquer coisa no seu estranho dialecto – o do númida, não o do dromedário -, que fez com que o animal mudasse de poiso e fosse ruminar para alguns passos adiante, junto da água fresca do oásis e sob a protecção dos ramos de uma palmeira seca e encarquilhada.
Caius olhava fixamente a linha do horizonte, onde o quente e rubro sol do deserto encontrava o seu ocaso nas montanhas do Atlas. Um dos caravaneiros, um homenzinho de pele morena e ar dócil, chamou-o educadamente para junto do fogo, acrescentando num grego sofrível que as noites do deserto eram muito frias e que convinha agasalhar-se.
“Que raio de clima o desta região”, pensou Caius para consigo, estranhando aqueles dias de calor abrasador a par de gélidas noites. Tão diferente que era do clima da sua Roma natal, onde apesar das cálidas tardes de Verão, existiam mil e uma fontes onde os cidadãos se podiam refrescar. E, claro, as dezenas de banhos públicos onde os filhos de Quirino podiam ocupar as suas longas horas de ociosidade.
E a noite romana? Que doçura! Com aquela brisa suave! Na sua casa no Esquilino, Caius costumava passar as noites de Verão na varanda, aproveitando a fresca brisa que então soprava dos lados de Óstia. Deitado na sua rede, com as pernas cruzadas e as mãos pousadas sobre o ventre, Caius desfrutava de todos os luxos e comodidades a que um cavaleiro romano tinha direito.
Depois de uma parca refeição que mal lhe aconchegou o estômago, deitou-se numa cama improvisada junto da fogueira e adormeceu rapidamente, envolto em recordações da sua Roma e da vida que provavelmente não voltaria a conhecer. Que seria agora dele, vítima das intrigas dos invejosos, dos caprichos dos poderosos e da sua própria insensatez?
(Continua)
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