respublica

quinta-feira, novembro 10, 2005

MANIFESTAÇÕES (post publicado, primeiramente, no Tela Abstracta)


Foto retirada de urbi et orbi - jornal online da UBI

Desde há vários anos que me bato, mesmo enquanto dirigente associativo, por uma racionalização das manifestações estudantis. Ainda assisti, como estudante do secundário, às quedas de um ou outro ministro da educação, de certa forma provocadas pela revolta estudantil.
Mas sempre achei que o exagero de manifestações, com ou sem razão, iria levar a um descrédito generalizado (como já aconteceu com alguns dos sindicatos). Mais ainda, sempre achei que a opção correcta passava, primeiramente, pela via negocial, antes de se tentar partir para a mobilização de massas (em boa verdade, sempre prontas a umas passeatas a Lisboa, com uns berros pelo meio, quando não uns rabos ao léu, a troco de sandes, sumos e águas).
Mas veio mesmo o exagero, o tal referido exagero, e, várias vezes por ano, em diversos anos consecutivos, por qualquer motivo, as faculdades foram fechadas a cadeado, tivemos manifestações em todas as cidades com universidades do país que antecediam, inevitavelmente, uma geral, em Lisboa.
Agora, que a luta me volta a parecer justa, acontece o que se viu na manifestação de ontem. Algumas Associações Académicas não se aliaram aos sempiternos revoltosos de Coimbra. Em Lisboa, a confusão absoluta, com uma péssima capacidade de mobilização e organização, ao ponto de ninguém saber quem é que se ia manifestar, onde, contra o quê. A população, habituada a estas andanças estudantis, não lhes ligou nenhuma e alguns mostraram-se, inclusive, irritados por isto se ter tornado uma constante.
É o descrédito absoluto, adquirido por anos e anos de sucessivas asneiras, o tal referido exagero. É o descrédito absoluto dos futuros quadros deste país. Passaremos, agora, quando urgiam as tais medidas mais reaccionárias, à via negocial?