respublica

quinta-feira, julho 07, 2005



ATENTADOS O que me deixa profundamente consternado nesta estória toda - além da brutalidade do terrorismo e das perdas humanas por ele provocadas -, é a forma hipocrita como a esquerda "bem pensante" europeia encara a coisa. Os terroristas cometem crimes hediondos contra a humanidade, mas como o fazem em nome de ideais que o politicamente correcto entende como "nobres" (e para a esquerda radical, o conceito de "nobre" aplica-se a todo aquele que enfrenta as potências capitalistas, independentemente de se tratar de um Fidel Castro, um Hugo Chavez ou um Bin Laden), tudo lhes é perdoado.

A nossa esquerda "alter-mundialista" continua a ver o mundo a preto e branco, como se a humanidade fosse composta exclusivamente por exploradores e explorados, atribuindo-se a culpa de tudo sempre aos primeiros. Pobres cegos, não compreendem que a democracia representativa e a economia (social) de mercado continuam a ser o pior dos sistemas, mas apenas se exceptuarmos todos os outros. E esquecem-se ainda que a actual situação dos países do Terceiro-Mundo deve tanto aos jogos políticos e económicos da Europa e da América, como às politicamente correctas experiências de "engenharia social" de que durante anos os respectivos povos foram involuntárias cobaias.

Para concluir, gostava de salientar que, ao contrário do que muita gente quer fazer crer, os terroristas da Al-Quaeda não lutam pela liberdade, pela justiça ou pelo desenvolvimento económico e social dos países árabes e muçulmanos. A Al-Quaeda não passa de um grupo de fanáticos obscurantistas, uma seita medieval que, muito acertadamente, vê no Ocidente livre e democrático a maior ameaça ao seu modo de encarar o mundo. Não lutam pelos direitos dos oprimidos ou pela melhoria das condições de vida daqueles povos, mas pela instauração de um novo califado mundial, de inspiração wahabita.