respublica

sexta-feira, abril 01, 2005



TERRI SCHIAVO Há cerca de 3 posts atrás, numa clara comparação entre o estado de saúde de João Paulo II e o de Terri Shiavo, perguntava-se Filipe Alves: (...) existirá maior dignidade do que aceitar o sofrimento com coragem e resignação, sem nunca abandonar a missão que dá sentido à nossa vida?

Como adenda à mensagem, continuava:

A quem incomodava a situação de Terri Schiavo? Se realmente não tinha actividade cerebral, não estava em sofrimento. Talvez se deva colocar a questão ao contrário: quem beneficiou com a sua morte?

Ora, João Paulo II, enquanto guardião máximo dos valores da Igreja e do apelo desta ao aceitar do sofrimento com coragem e resignação, tem, de facto, uma missão que dá sentido não só à sua vida como à de todos os fiéis. João Paulo II está lúcido. João Paulo II, enquanto chefe de estado, tem os melhores serviços médicos ao seu dispor. João Paulo II, afinal, tem actividade cerebral.

As premissas não tinha actividade cerebral logo não estava em sofrimento pecam por omissas em relação a muitos outros factores que revestem a sua morte. Que dignidade tem, de facto, uma pessoa que já não o é? Que dignidade tem um marido que mais não pode fazer senão alimentar a esposa, que já não o é (até que a morte vos separe - biologicamente, já estava morta), através de um tubo, lavá-la, levantá-la, deitá-la, enfim, tratá-la como o objecto inerte em que se tornou? O único halo de vida que habitava o corpo de Terri Schiavo manifestava-se através dos seus (fracos) sinais vitais.

É um tema polémico, é verdade, mas não deve deixar de ser discutido. E, a esse propósito, proponho que se visite esta enciclopédia on-line que, de forma isenta, aborda todas as vertentes da questão, além de incluir a história da família e alguns pareceres jurídicos e religiosos independentes.

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PS: Isto, de facto, é ultrajante. Passo meses sem escrever e, depois, reapareço para entrar em conflito directo com a liderança (do blog). Porque é que isto me faz lembrar, de certa forma, o estado actual do maior partido da oposição?