"QUEIXINHAS" E "JUSTICEIROS" O Rodrigo Moita de Deus, do Acidental, escreveu sobre a "Boaventura dos movimentos Anti-Praxe". Bem sei que o post tem por pano de fundo a polémica em volta do artigo de Maria Filomena Mónica a respeito de Boaventura Sousa Santos - polémica essa sobre a qual não me pretendo pronunciar -, mas não posso deixar de comentar o que o Rodrigo Moita de Deus escreveu:
"Quando entrei para o Liceu levava imensos calduços. Devia ser dos óculos grossos ou do meu ar enfezado, convencido que sabia mais do que os outros. Os dois anos de praxe, tiveram em mim um efeito pedagógico. Aprendi que nem sempre sabia mais que os outros, ou pelo menos aprendi a não exibir os meus eventuais talentos.
Ao fim de algum tempo o corpo encheu, os óculos desapareceram e mesmo havendo alguém com mais argumentos, subitamente ganhei o direito de distribuir os meus calduços entre os “putos” que tinham a mania que sabiam mais que os outros. “É a ordem natural das coisas. É a cadeia alimentar” li algures num livro de biologia."
E qual é o mal de "saber mais que os outros"? Porque é que nós, portugueses, cultivamos essa falsa modéstia e essa "cultura do demérito", que exalta os idiotas e lisonjeia os incompetentes, ao mesmo tempo que castiga os que se esforçam? Porque temos tanto medo das pessoas que se procuram distinguir?
A "praxe" nada mais é que uma forma de os mais velhos - os "instalados" que não querem ver ameaçada a sua posição -, conservarem o poder. E estou convencido que esta mentalidade - partilhada por largos sectores da nossa sociedade -, é em grande parte responsável pelo atraso do nosso país. E isto porque nas nossas escolas, universidades, partidos e empresas, quem se esforça e se procura distinguir pelo seu mérito e competência, é imediatamente taxado de "sacana" ou de "olha-me-este-tem-a-mania-que-é-inteligente". Quando se nivelam as coisas por baixo, o resultado não pode ser magnífico.
Só é "bom rapaz" quem não levanta ondas, se rebaixa perante os superiores hierárquicos, e não se atreve a questionar e a ter sentido crítico. Quanto aos outros, há que os fazer "baixar a crista". E para isso nada melhor que uns bons "calduços".
_____________________
Adenda posterior: Peço desculpa ao Rodrigo Moita de Deus, por ter compreendido mal o propósito do seu artigo e o significado da sua metáfora. E embora sem renegar uma única palava do que acima escrevi, devo dizer que estou de acordo com ele no que diz respeito aos "queixinhas": não é com vitimizações ridículas que nos conseguimos realizar pessoal e profissionalmente - por exemplo, a "manifestação de desagravo" que dedicaram ao Prof. Boaventura Sousa Santos acabou por ser um gesto ridículo da parte de meia de dúzia de "tolas bem pensantes".
"Quando entrei para o Liceu levava imensos calduços. Devia ser dos óculos grossos ou do meu ar enfezado, convencido que sabia mais do que os outros. Os dois anos de praxe, tiveram em mim um efeito pedagógico. Aprendi que nem sempre sabia mais que os outros, ou pelo menos aprendi a não exibir os meus eventuais talentos.
Ao fim de algum tempo o corpo encheu, os óculos desapareceram e mesmo havendo alguém com mais argumentos, subitamente ganhei o direito de distribuir os meus calduços entre os “putos” que tinham a mania que sabiam mais que os outros. “É a ordem natural das coisas. É a cadeia alimentar” li algures num livro de biologia."
E qual é o mal de "saber mais que os outros"? Porque é que nós, portugueses, cultivamos essa falsa modéstia e essa "cultura do demérito", que exalta os idiotas e lisonjeia os incompetentes, ao mesmo tempo que castiga os que se esforçam? Porque temos tanto medo das pessoas que se procuram distinguir?
A "praxe" nada mais é que uma forma de os mais velhos - os "instalados" que não querem ver ameaçada a sua posição -, conservarem o poder. E estou convencido que esta mentalidade - partilhada por largos sectores da nossa sociedade -, é em grande parte responsável pelo atraso do nosso país. E isto porque nas nossas escolas, universidades, partidos e empresas, quem se esforça e se procura distinguir pelo seu mérito e competência, é imediatamente taxado de "sacana" ou de "olha-me-este-tem-a-mania-que-é-inteligente". Quando se nivelam as coisas por baixo, o resultado não pode ser magnífico.
Só é "bom rapaz" quem não levanta ondas, se rebaixa perante os superiores hierárquicos, e não se atreve a questionar e a ter sentido crítico. Quanto aos outros, há que os fazer "baixar a crista". E para isso nada melhor que uns bons "calduços".
_____________________
Adenda posterior: Peço desculpa ao Rodrigo Moita de Deus, por ter compreendido mal o propósito do seu artigo e o significado da sua metáfora. E embora sem renegar uma única palava do que acima escrevi, devo dizer que estou de acordo com ele no que diz respeito aos "queixinhas": não é com vitimizações ridículas que nos conseguimos realizar pessoal e profissionalmente - por exemplo, a "manifestação de desagravo" que dedicaram ao Prof. Boaventura Sousa Santos acabou por ser um gesto ridículo da parte de meia de dúzia de "tolas bem pensantes".
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home