respublica

domingo, janeiro 09, 2005

AS ELEIÇÕES PARA O LÍDER PALESTINIANO são hoje, e não haverá grandes surpresas, pois parece certo que Mahmoud Abbas será o eleito (no sentido eleitoral democrático do termo). Embora estas eleições sejam denominadas históricas, apenas o são porque surgem na sequência da morte do líder histórico, Yasser Arafat, e não porque à frente delas se prevejam grandes mudanças no rumo do conflito entre Israel e a Palestina. Ontem vi um documentário relatado na primeira pessoa por um ex-soldado Israelita. Nele se percebe como a guerra, em particular esta guerra, para além da luta territorial e dos motivos que estão na sua base é alimentada à custa de jovens soldados inexperientes, que crescem a ouvir os sons da guerra, treinados para atacar preventivamente o inimigo e a obedecer cegamente, sem qualquer réstia de auto-determinação, aos seus superiores. Enfim, são soldados, para quem ignorar uma afronta equivale a uma declaração de cobardia e desonra militar e pessoal. Que o ser humano é capaz de violência, disso ninguém tem dúvida. Que essa capacidade seja utilizada como rastilho para manter acesa uma guerra, ao comprometer sistematicamente as negociações para a paz já me parece algo diferente de mera estratégia militar. E claro que não tenho dúvidas de que isto se passa dos dois lados do conflito, deste e de outros.