respublica

domingo, dezembro 12, 2004

POST MAIS OU MENOS SOBRE POLÍTICA Este blog fala muito de política. Eu não vou muito por aí. Sobre política deixo falar quem de direito. No entanto devo aos blogs um aumento grande do meu interesse sobre política, ainda assim limitado, aliado a um maior entendimento de algumas questões básicas, ainda que também limitado.

Sempre olhei para a política como um mundo obscuro e intrincado, onde a teoria das diferentes linhas ideológicas chocava com a prática da sua aplicação e com a complexidade do mundo humano, onde se inclui inevitavelmente o desejo de poder, corruptor das melhores intenções.

Creio compreender que o que separa as diferentes ideologias políticas é o conflito entre o(s) direito(s) individuais e as obrigações do indivíduo perante a sociedade em que está inserido, em que, e de uma forma necessariamente simplista, a ideologia dita de direita privilegia o valor do indivíduo, exigindo-lhe responsabilidade, enquanto a ideologia dita de esquerda privilegia o bem comum, impondo-o em desfavor das necessidades individuais. Se estou certa ou errada outros mais sabedores do que eu o poderão dizer, mas esta forma de ver as coisas simplifica-me (ou não…) a forma como entendo as questões políticas.

Como em relação a tantas outras coisas não acredito em certos ou errados absolutos. Assim sendo, e aliada à minha reiterada ignorância sobre estas questões, dou por mim frequentemente a votar em branco ou a votar inutilmente, isto é, num pequeno partido inócuo.

Depois de fazer a bússola política dou por mim colocada no quadrante da esquerda liberal. Uma das questões, sobre o estado versus caridade como factor protector dos mais desfavorecidos, fez-me pender a balança para a esquerda ao responder que o estado, através dos regimes de segurança social, deve ser o responsável pela resolução destes problemas. Esta questão revela bem as minhas dúvidas. Apesar de ter respondido desta forma, não creio absolutamente nisto. Não acredito que a caridade, na forma como ela é habitualmente encarada (a esmola) seja uma forma correcta de resolver o problema, mas se cada indivíduo tivesse à sua volta uma estrutura familiar e de vizinhança que lhe valesse nas alturas de maiores dificuldades, muitos dos problemas de pobreza que se encontram nos países ocidentais não existiam sequer. Claro que isto seria muito bonito se não existissem muitas outras questões, relacionadas com a estrutura e dinâmica social na sua forma mais complexa, que são responsáveis pelo problema da marginalidade e pobreza, principalmente nas grandes cidades. Por isso creio que cabe ao estado agir como uma espécie de amortecedor, ao garantir a existência de equidade no acesso ao emprego, de justiça e de meios de suporte em situações de rotura. Mas não creio que isto deva retirar responsabilidade a cada um de nós, e essa responsabilidade não é exercida através da esmola dada ao pobre da esquina, mas sim cuidando de nós e dos que nos são próximos.

Ainda não sei como vou votar nas próximas eleições...