respublica

quinta-feira, dezembro 18, 2003




PARA QUE SERVE A SOBERANIA? A soberania dos estados-nação só faz sentido quando esses mesmos estados existem para servir os respectivos povos. Os estados existem em função dos povos, e não os povos em função dos estados. Seria o Iraque um país soberano, quando era governado por Saddam? Em minha opinião, não. A soberania reside no povo, e não num ditador sanguinário e respectiva camarilha. A intervenção da coligação anglo-americana permitirá devolver a soberania aos iraquianos.

Claro que não sou ingénuo a ponto de acreditar que a intervenção aliada se deveu a considerações de ordem ética. Mas tenho a certeza que a instauração de um regime democrático – ainda que a América lá tenha de ficar 10 ou 15 anos – será o melhor para o Iraque.

Muitos europeus vivem na utopia do mundo perfeito, culpando os americanos por tudo de mal que acontece. Esquecem-se de todo o bem que a América nos fez: salvou-nos do nazismo e do comunismo estalinista; ajudou-nos na reconstrução, depois da Segunda Guerra Mundial; e, mais importante que tudo o resto, deu-nos paz e segurança durante sessenta anos. Tudo isto não seria possível sem que a América fosse uma superpotência. Sem que investisse em armamento. Sem que possuísse armas nucleares. Sem que intervisse aqui e ali para garantir o controlo dos recursos energéticos. Sem que agisse de forma musculada, quando necessário.

Se estudarmos a História de forma desinteressada – ou seja, sem procurar justificações para teorias de lutas de classes e outras que tais – aperceber-nos-emos de que, ao longo de toda a história da Humanidade, nunca existiram paraísos terrenos nem mundos perfeitos. Sempre existiram potências que, de uma forma ou de outra, exerceram o seu domínio e influência sobre o resto do mundo. E também nos daremos conta de que a actual Pax Americana é, face às alternativas, um mal menor. Por muito que nos custe, em política internacional não podemos agir movidos por idealismo, mas sim por pragmatismo; aliás, as maiores desgraças aconteceram precisamente quando alguns iluminados tentaram à força construir paraísos terrenos.

No entanto, considero que o domínio americano não garante a estabilidade mundial de forma totalmente satisfatória. É necessária outra potência que equibilibre a balança; ora a única que a médio prazo o pode fazer, é precisamente a Europa. E para tal, os europeus têm que compreender a necessidade de investirem a sério na defesa. Mas isso, claro, não é cool. Os manifestantes anti-Bush e anti-globalização não querem saber disso. Não compreendem que o que está em jogo é a própria existência da nossa civilização.