LAICISMO RADICAL O governo francês pretende fazer aprovar uma lei que impeça os alunos das escolas públicas de usarem símbolos religiosos ou políticos. Com esta lei, o governo pretende pôr termo à polémica em torno do uso do véu islâmico nas escolas.
Encontro-me dividido. Por um lado, considero absurdo o laicismo radical que as actuais leis francesas estabelecem. Essas leis, com cerca de um século, dizem que o Estado deve ser agnóstico e inteiramente neutro em questões religiosas; todavia, na prática, o Estado assume-se como ateu, negando à religião qualquer papel positivo. É ainda aquele velho espírito jacobino e anticlerical, desejoso de pôr termo à "superstição" e à influência da Igreja. O Estado iluminado julga-se no direito de interferir nas crenças individuais, violando a liberdade de consciência dos cidadãos.
Por outro lado, deve um país democrático admitir no seu sistema de ensino costumes ofensivos à dignidade das mulheres, ainda que aceites por estas últimas? Como disse o presidente Chirac, na sua recente visita à Tunísia, "(...)a presença do véu tem qualquer coisa de agressivo, que, mesmo sendo minoritária, levanta um problema de princípio. Há nisto uma espécie de contestação das regras nacionais que não pode ser aceite. De uma maneira ou de outra, devemos fazer respeitar os princípios laicos".
Dá que pensar, não dá?
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