respublica

quinta-feira, julho 03, 2003

A resistência iraquiana (II)


É claro que os anti-americanistas rejubilam com os ataques dos fedayin. Esfregam as mãos de contentes! São os mesmos que durante a guerra esperavam uma resistência prolongada de Saddam, ainda que isso custasse a vida de milhares de civis inocentes. Perante este argumento, dizem que os culpados pela morte de civis são os americanos, e que a América precisa de uma "lição" que a faça desistir dos seus propósitos imperialistas. A "lição" seria dada pelos valentes iraquianos que defendiam o solo pátrio... que cegueira! Até que ponto o anti-americanismo pode fazer certas pessoas apoiar ditadores sanguinários! É patético!

A invasão foi ilegal e imprópria. É verdade. Mas também é verdade que, uma vez começada a guerra, não servia de nada pedir que os americanos retirassem. Isso só pioraria as coisas. Para o Iraque, para o Médio Oriente e para o Mundo.

Sejamos intelectualmente honestos: alguém acreditará mesmo que o Iraque estava melhor com Saddam no poder? Desta vez, pelo menos, os americanos derrubaram um ditador, em vem de o apoiarem! Independentemente do método usado - com o qual, volto a salientar, não concordei - devemos estar contentes com a queda de Saddam. Aqui vemos outra contradição dos anti-americanos primários: protestaram contra as guerras do Kosovo e do Iraque, mas foram os primeiros a criticar os EUA por não intervirem directamente na questão timorense, aquando dos massacres de Setembro de 1999. Do mesmo modo que sempre fizeram vista grossa às invasões soviéticas da Checoslováquia e do Afeganistão, à situação dos presos políticos cubanos, etc.

Até que ponto a soberania dos Estados-Nação deve constituir uma desculpa para que o mundo permita que ditadores como Milosevic, Saddam e Kim-Il-Sung continuem a massacrar os seus próprios povos?

Não quero com isto dizer que os EUA são os paladinos da liberdade e da democracia. Não o são, e se o forem, será apenas porque isso convém aos seus interesses imperiais. Sim, os EUA são o único "império" mundial; a sua política é nitidamente imperialista, tal como nós mesmos o fomos em tempos. Mas racicionemos: haverá algum outro império capaz de impôr a paz e a estabilidade em todo o mundo? E o que será melhor, a hegemonia dos EUA ou a de grandes democracias como a Rússia e a China?

Creio que a única potência capaz de equilibrar a balança no sentido de criar um mundo mais pacífico, democrático e próspero é a Europa. Só com uma relação transatlântica de parceria e igualdade permitirá um mundo mais equilibrado, sem estarmos dependentes dos falcões de Washington. Mas isso é tema para o post seguinte.