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segunda-feira, junho 30, 2003

O Primeiro Homem de Roma


Terminei há dias a leitura de "Coroa de Erva", o segundo volume da série "O Primeiro Homem de Roma", da escritora australiana Colleen McCullough (autora do conhecido "Pássaros Feridos"). É uma obra de 1991, da qual tinha já ouvido falar mas que só agora tive oportunidade de ler.

A acção de "Coroa de Erva" desenrola-se entre os anos 98 e 89 a.C., no seguimento do primeiro volume da série. As duas personagens principais, Caio Mário e Lúcio Cornélio Sila, são também as duas personagens centrais da história romana daquele período. O livro conta a forma como Sila, outrora amigo e lugar-tenente de Mário, se tornou o seu maior inimigo e adversário político. Assistimos também às lutas sociais que surgiram depois das reformas agrárias e judiciais introduzidas pelos Gracos.

Depois de no primeiro volume da série termos acompanhado a ascensão e queda de Mário, líder dos populares, sendo o primeiro e único homem a usar a toga praetexta de Cônsul seis anos consecutivos (os dois cônsules anuais eram os chefes máximos da República), em "Coroa de Erva" vemos a forma como Sila ascende à liderança do partido optimate e ao consulado, depois de vários anos como braço direito de Mário. A rivalidade entre os dois homens despontou numa cruel guerra civil que destruiu as forças vivas da República e abriu caminho à implantação do Principado.

A autora recorreu aos historiadores clássicos para elaborar a descrição física e psicológica das personagens, assim como para relatar os factos históricos verídicos em que se enquadra o romance. Embora tenham sido introduzidos alguns elementos ficcionais, a obra corresponde à História de forma bastante fiel. "Coroa de Erva" retrata os bastidores da política romana, com os seus jogos de poder, as conspirações, as guerras civis, os assassinatos, os debates no Senado, as clientelas "partidárias", etc.

Além de Mário e Sila, Mcclough insere na acção outras personagens que marcaram a história da Roma Antiga: Júlio César (que era sobrinho da esposa de Mário), Cícero, Pompeu Magno, Cina, Sertório, Lúculo, etc, para além de soberanos estrangeiros como Mítrídates do Ponto, Tigranes da Arménia e Nicomedes da Bitínia.

Para aqueles que também são apaixonados pela Roma Antiga, recomendo ainda duas obras que li recentemente: o clássico "Os Doze Césares", do historiador romano Suetónio (séc. II d.C.), e o setecentista "Declínio e Queda do Império Romano", de Sir Edward Gibbon (considerado o maior historiador de sempre em língua inglesa). Podem encontrá-los na biblioteca da Universidade do Minho.