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quinta-feira, junho 03, 2004




QUOTAS PARA HOMENS? Sou contra as chamadas medidas de discriminação positiva. Acho que são injustas, porque independentemente do sexo, raça ou origem geográfica das pessoas, o mérito individual deveria ser o principal critério a ter em conta. E assim deveria ser na política, no ensino e na administração pública.

Vem isto a propósito da eventual criação de quotas para homens, nas nossas faculdades de medicina, dado o reduzidíssimo número de estudantes do sexo masculino.

Como disse, sou contra a criação de quotas. No entanto, fico espantado com a reacção de algumas pessoas que, indignadas com a criação de quotas para homens, são ao mesmo tempo partidárias da criação de quotas para mulheres e minorias étnicas. Sejamos coerentes: ou há quotas para todos, consoante as situações em que se verificam desigualdades, ou não há para ninguém.

Creio que, neste caso concreto, o problema reside no actual modelo de acesso aos cursos de medicina. Um bom médico não precisa de ter médias de 18 e 19. Para conseguir uma média destas, um aluno tem que ser ou muito inteligente e cumpridor, ou de levar uma vida de quase eremita, dedicando-se apenas ao estudo. Um bom médico tem que possuir, além dos conhecimentos próprios da profissão, uma boa dose de sensibilidade, tacto social e inteligência emocional. Contudo, não quero com isto dizer que os actuais estudantes de medicina sejam uns zombies anti-sociais; aliás, tenho vários amigos e amigas em Medicina, e que não encaixam nesse perfil.

Concordo, por isso, com o bastonário da Ordem dos Médicos, Germano de Sousa, que disse o seguinte: "Defendo que a nota de candidatura aos cursos de Medicina deve ser de 14 valores e que às notas deve juntar-se outro tipo de provas capazes de evitar que um aluno com notas excelentes e uma má formação geral possa ser um mau médico".