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quinta-feira, julho 28, 2005

NEM MAS NEM MEIO MAS... Via Acidental, encontrei um site de esquerda que não usa "mas" quando se refere ao terrorismo:

"Terrorist attacks against Londoners on July 7th killed at least 54 people. The suicide bombers who struck in Netanya, Israel, on July 12 ended five lives, including two 16 year old girls. And on July 13, in Iraq, suicide bombers slaughtered 24 children. We stand in solidarity with all these strangers, hand holding hand, from London to Netanya to Baghdad: communities united against terror.

These attacks were the latest atrocities committed by terrorist groups inspired by a poisonous and perverted politics that disguises itself as a form of the religion of Islam. The terrorists seek a closed society of fear and conformity. They are opposed by Muslims the world over. Muslim community leaders have condemned the London attacks unequivocally. We reject the terrorists' claim that they represent authentic Islam. They do not.

We remember the attacks in New York and Washington on September 11, 2001 and in Madrid on March 11, 2004. But we know that al Qaeda and groups that are inspired by Bin-Ladenism have carried out atrocities in France, Pakistan, Israel, Kenya, Tanzania, India, Iraq, Morocco, Yemen, Tunisia, Indonesia, Egypt, Saudi Arabia, Turkey, North Osetia and many other countries.

The vast majority of the victims of al Qaeda's violence have been Muslims. Those who have suffered at the hands of violent Islamic Fundamentalist movements in Iran and Algeria have also been ordinary Muslims.

This terrorist violence is not a response by 'Muslims' to the injustices perpetrated upon them by 'the west'. Western democracies have been responsible for some of the ills of this world but not for the terrorist murders of these deluded Bin-Ladenists.

These attacks did not begin in 2003. The first attempt to blow up the World Trade Center took place ten years before, in 1993.

These terrorists do not hate what is worst in the societies they attack, but what is best. They despise individual liberty, critical thought, gender equality, religious tolerance, the rights of minorities and political pluralism. They do not criticize democracy because it sometimes fails to live up to its principles; they oppose those principles.

In areas of conflict, the terrorists have damaged attempts at peaceful and political solutions to problems. They choose killing and reject mutual recognition, accommodation, negotiation, understanding, and compromise.

In the face of such an enemy, we believe it is vital that democratic political forces in all countries unite. We need a global movement of solidarity linking together communities threatened by terror. United we stand against terror.

We can find our inspiration in the behavior of ordinary people in the immediate aftermath of terrorist atrocities. Always the story is the same. A fractured world is mended by the kindness of strangers. We see, amidst the pain and anguish, in the rubble of the Twin Towers, the wreckage of a London bus, the bloodied glass across a Tel Aviv street, and among the Mothers searching for their children in Baghdad, that a common humanity asserts itself. Extraordinary acts of courage and selflessness become commonplace. The impulse of solidarity overwhelms fear and help comes from strangers.

With every healing gesture between strangers we feel a candle of hope has been lit in a dark world. On 7/7 a London tube worker rushed towards the blast, running down a smoke-filled tunnel, torch in hand, to lead out the survivors.

These ordinary yet heroic rescuers teach us the ethic of responsibility. It is time to assert our common humanity against all who would divide us. It is time to forge communities united against terror, respectful of the dignity of difference, and organised to extend active solidarity to each other across the globe.

We are frequently urged to understand the terrorists, but too often the call to understand is code for justification and apology. There are always other, better, more effective, and more human ways of opposing injustice than by killing yourself and others in a symbolic act of hatred. Muslims who have pursued modern democratic politics have often been the first in the firing line of the terrorists. The road to a just solution in Israel-Palestine is signposted by 'mutual recognition' and 'political dialogue' not the blind alley of terrorism.

We stand firmly against the racists who seek to exploit the current tensions for their own agenda.

We stand firmly against those who apologize for the terrorists and who misrepresent terrorist atrocities as 'resistance'.

We offer our support and solidarity to all those within the Muslim faith who work in opposition to the terrorists and who seek to win young people away from extremism and nihilism, towards an engagement with democratic politics.

We believe that democracy and human rights are worth defending with all our strength. The human values of respect and tolerance and dignity are not 'western' but universal.

We are not afraid. But we are not vengeful. We believe the kindness of strangers has lit the way and this light will drive away the darkness. We want to join light to light to show that evil, injustice and oppression will not have the final word. Through these acts of human solidarity we will mend the world the terrorists have fractured."

quarta-feira, julho 27, 2005

ARQUEOBLOGO O Arqueoblogo, excelente blog do Marcos (que colaborava comigo e com o Parca no Roma Antiga), terminou recentemente. A blogosfera fica, com certeza, mais pobre. Espero que voltes um dia, caro amigo.

COMPREENDER OS TERRORISTAS? Perante o horror do terrorismo, e mesmo sentindo na pele os seus efeitos, muitos europeus continuam a ver os atentados como uma espécie de punição pelos pecados colectivos do Ocidente.

Imaginemos um homem que nasce num bairro miserável, no seio de uma família pobre e desestruturada. Tem uma infância difícil e violenta, pouco aproveitamento escolar e cedo envereda por uma vida de delinquência.

Suponhamos que esse homem se torna um criminoso altamente perigoso, um assassino sem escrúpulos, ladrão de bancos e traficante de droga.

Devemos nós tentar "compreender" o que o leva a matar inocentes e a cometer crimes que lesam a sociedade? Devemos nós dialogar com esse homem? Devemos nós "justificar" as suas acções com a eterna desculpa de uma infância pobre e difícil?

Fazê-lo seria o mesmo que defender que todos aqueles que levam existências difíceis têm legitimidade para cometer crimes. Ora sabemos que a esmagadora maioria dessas pessoas - e no nosso país, os pobres são cerca de 20 por cento da população -, não são criminosos. Pois só é criminoso quem quer.

O mesmo se pode dizer a respeito do fascismo. Devemos nós procurar compreender o fascismo e o nazismo? Ainda não ouvi um único desses pseudo-pacifistas-treinadores-de-bancada que pululam pela Europa defender ser necessário "compreender" ou "dialogar" com os movimentos neo-nazis.

Querer compreender as motivações dos terroristas é conferir-lhes legitimidade. A única compreensão que devemos procurar alcançar será aquela que nos permita vencê-los mais depressa.

Deixemo-nos de "mas" e de "ses" que mais não são que uma mentalidade masoquista, própria dos complexos de culpa que muitos ocidentais sentem por viverem numa sociedade de bem estar, livre e democrática.

terça-feira, julho 19, 2005

CONVITES Nos últimos dias, acedi a dois convites muito especiais: o primeiro foi do Hugo, amigo e companheiro de longa data, que me convidou para ingressar na equipa do Diário de Estágio (pois, é que agora ascendi ao estatuto de estagiário...). O segundo veio do Rui Afonso, também amigo e camarada (atenção, sem conotações marxistas...) de velhas lutas, e do meu irmão Ricardo, que me convidaram para com eles escrever no Palavras Breves, um blog dedicado a contos e outras pequenas narrativas de ficção. Aceitei os dois convites com muito gosto, embora consciente de que, provavelmente, não terei muito tempo disponível para honrar devidamente os compromissos assumidos com estes meus amigos.

sexta-feira, julho 15, 2005

A NÃO PERDER Este magnífico texto que Pacheco Pereira escreveu, no qual se analisa com clareza as grandes fragilidades da Europa, berço da cultura Ocidental. Os povos Europeus e a sua intelectualidade em geral encontram-se num processo de negação da realidade. Recusam-se a admitir que estamos perante uma guerra contra a nossa forma de vida e os valores em que acreditamos. Recusam-se em estabelecer estratégias para vencer essa guerra. E mantêm permanentemente um sentimento de culpa perante o passado, que os leva a procurar justificações para os atentados bombistas.

Example

Estátua da Deusa Atena (reparem no facto de a Deusa da Cultura Ocidental naquela época estar armada para a guerra)

Até ao século XIX a Europa enfrentou com decisão todas as civilizações que tentaram aniquilar o Ocidente. O gigantesco Império Persa foi vencido; os Hunos saquearam Roma, mas foram batidos poucos anos depois; os mongóis não chegaram sequer à Europa Central; a Reconquista Ibérica foi um processo militar (recheado de trocas culturais) que terminou como se sabe; os formidáveis Otomanos perderam em Lepanto e mais tarde em Viena; dos exemplos mencionados por Pacheco Pereira apenas discordo com o conflito entre Britânicos e Zulus, que poucas ou nenhumas semelhanças tem com os anteriores.
Na primeira metade do século XX a Europa auto-destruiu-se, perdendo a confiança em si e abominando toda e qualquer guerra, seja porque motivo for. Por isso, agora é necessário analisar cuidadosamente o nosso passado colectivo, reflectir sobre os erros cometidos e também relembrar e compreender as vitórias passadas, essas mesmas vitórias que garantiram a preservação do nosso modo de vida, pelo qual vale mesmo a pena lutar agora que chegou a nossa vez de o defendermos. RM

sexta-feira, julho 08, 2005

FICÇÕES Inseri link para o site da "Ficções", uma excelente revista de contos. Além de alguns contos já publicados na versão em papel da revista, o site inclui outras pequenas narrativas, inseridas numa Biblioteca Online do Conto. Recomendo a visita!

quinta-feira, julho 07, 2005



ATENTADOS O que me deixa profundamente consternado nesta estória toda - além da brutalidade do terrorismo e das perdas humanas por ele provocadas -, é a forma hipocrita como a esquerda "bem pensante" europeia encara a coisa. Os terroristas cometem crimes hediondos contra a humanidade, mas como o fazem em nome de ideais que o politicamente correcto entende como "nobres" (e para a esquerda radical, o conceito de "nobre" aplica-se a todo aquele que enfrenta as potências capitalistas, independentemente de se tratar de um Fidel Castro, um Hugo Chavez ou um Bin Laden), tudo lhes é perdoado.

A nossa esquerda "alter-mundialista" continua a ver o mundo a preto e branco, como se a humanidade fosse composta exclusivamente por exploradores e explorados, atribuindo-se a culpa de tudo sempre aos primeiros. Pobres cegos, não compreendem que a democracia representativa e a economia (social) de mercado continuam a ser o pior dos sistemas, mas apenas se exceptuarmos todos os outros. E esquecem-se ainda que a actual situação dos países do Terceiro-Mundo deve tanto aos jogos políticos e económicos da Europa e da América, como às politicamente correctas experiências de "engenharia social" de que durante anos os respectivos povos foram involuntárias cobaias.

Para concluir, gostava de salientar que, ao contrário do que muita gente quer fazer crer, os terroristas da Al-Quaeda não lutam pela liberdade, pela justiça ou pelo desenvolvimento económico e social dos países árabes e muçulmanos. A Al-Quaeda não passa de um grupo de fanáticos obscurantistas, uma seita medieval que, muito acertadamente, vê no Ocidente livre e democrático a maior ameaça ao seu modo de encarar o mundo. Não lutam pelos direitos dos oprimidos ou pela melhoria das condições de vida daqueles povos, mas pela instauração de um novo califado mundial, de inspiração wahabita.

quarta-feira, julho 06, 2005

TRETAS Aconselho a leitura do post intitulado "tretas", no Abrupto. Era minha intenção "postar" algo sobre o assunto, mas acho que está tudo dito:

"(...) Estava a pensar escrever isto, ao ver o folclore escocês, quando a RTP1 passa uma pequena peça sobre Angola, em que a palavra corrupção não é pronunciada, e em que não se explica como é que se pode ter petróleo e diamantes, um dos melhores e mais bem equipados exércitos de África, uma elite riquíssima que manda os filhos estudar para a Suiça e…nada para a esmagadora maioria da população. Mas a culpa é do capitalismo e do G8. É isto informação."

LIVE 8 Costumo encarar com cepticismo iniciativas do género do "Live 8". Em primeiro lugar, porque nunca se conhece verdadeiramente o destino dos fundos recolhidos. Aquando do "Live Aid", por exemplo, as receitas angariadas foram entregues precisamente ao regime causador da fome na Etiópia. Foi o ditador Mengistu quem provocou deliberadamente a escassez de bens alimentares em determinadas áreas daquele país africano, como estratégia na guerra que travava contra os rebeldes. Fechando os olhos a este facto, Bob Geldof & associados entregaram-lhe depois as verbas recolhidas pelo "Live Aid"...

Em segundo lugar, este tipo de iniciativas têm tendência a encarar os problemas humanitários de forma extremamente simplista e redutora. Ao passarem toda a responsabilidade para as mãos dos líderes do G8, os organizadores destes eventos esquecem o papel das élites africanas e da responsabilidade que estas têm no caos em que África caíu. Ainda que o Ocidente abra os seus mercados agrícolas, duplique a ajuda humanitária e lhes perdoe a dívida e respectivos juros - medidas muito necessárias -, isso não resolverá o problema africano. Enquanto subsistirem regimes corruptos e despóticos como o de Luanda, Harare e Kinshasa, entre muitos outros, África continuará a ser o continente mártir.

Além disso, eventos como o "Live 8" tendem a incutir na opinião pública a crença de que e apenas este género de iniciativas podem contribuir para acabar com a fome e a pobreza do chamado Terceiro Mundo, esquecendo o trabalho louvável - e permanente, ao contrário de eventos efémeros como o "Live 8" -, de centenas de organizações humanitárias internacionais. Existe o risco de eventos como o "Live 8" serem apenas meras assembleias em que, por descargo de consciência, os cidadãos dos países ricos se querem convencer a si próprios de que estão a contribuir com a sua parte... quando, na realidade, não estão.

Muitas daquelas pessoas que assistiram aos concertos nunca terão contribuído com donativos para instituições de ajuda humanitária; por seu turno, outros tantos daqueles espectadores serão a favor de restrições à imigração e ao acolhimento de refugiados políticos vindos de países do Terceiro Mundo. E quantos daqueles "filantropos" serão contra o fim da PAC e das subvenções à agricultura?

Em todo o caso, o "Live 8" teve o mérito de chamar a atenção para o drama que se vive em África. E isso já é muito.

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P.S.: aqueles grupelhos pseudo-progressistas que se treinam todos os anos para dar pancada e partir montras durante as cimeiras do G-8, clamam contra a presença de multinacionais em África. Não compreendem que o grande problema da maior parte dos países africanos não reside no facto de serem "explorados" por multinacionais ocidentais, mas sim exactamente no oposto... ou seja, não terem quem invista nos seus territórios.